Mulheres não heterossexuais reivindicam inclusão nas políticas públicas.  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes

Mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais de todas as regiões do Brasil estão reunidas até segunda-feira, na cidade do Rio de Janeiro, no seminário “fortalecendo, articulando e informando” da ONG Movimento D`ELLAS. Elas exigem a inclusão de cidadãs não heterossexuais nas políticas de saúde, educação, segurança, cultura dos Governos municipal, estadual e federal. Para Yone Lindgreng, coordenadora da ONG articulação brasileira de lésbicas –ABL, “ este primeiro encontro nacional de mulheres não heterossexuais do país demonstra a necessidade de estarmos articuladas e informadas para reivindicar e exigir dos governantes e gestores que todas as pessoas sejam incorporadas na implementação de ações governamentais”.

O evento iniciou na terça-feira onde foi feito a cerimônia de assinatura da união estável das lésbicas cariocas Hedi e Viviane. No domingo, durante a parada do Orgulho de GLBT em Copacabana, uma parceria do Movimento D´ELLAS e a Associação de Notários e registradores do Rio de Janeiro – ANOREG popularizara a informação de que homossexuais podem registrar suas uniões estáveis nos cartórios fluminenses. De acordo com Rafael Santos , conselheiro e diretor da Anoreg “ a idéia é aproveitar a parada e oferecer 20 escriturações de convivência grátis para os interessados e divulgar este direito “. Os cartórios cobram 82 reais para escriturar e outros 90 reais para registro.

Sair do armário da invisibilidade e ocupar os espaços necessários, este é o tom das falas ocorridas nas diversas rodas de conversa do evento. O nome de Yone Lindgren foi sugerido para concorrer a presidência da Associação brasileira de gays, lésbicas e transgeneros –ABGLT no congresso que acontecerá no início de novembro em Maceió.As participantes do evento entendem que chegou a hora das mulheres revezarem no poder da maior ong de GLBTs do Mundo.

Maite Schneider, decana do movimento transexual brasileiro, diz que é “ preciso que o Governo Federal , especificamente o Ministério da Saúde crie um centro de referencia para homens e mulheres transexuais. Hoje existe uma fila de até 10 anos de pessoas necessitando de operação de redesignação de sexo no SUS.” Maite acredita que é preciso quebrar o preconceito de gestores e médicos que ainda insistem em postegar as pessoas transexuais o direito de saúde igualitária com equidade e respeito. Hoje no Sus é feito operações de vulvoplastia, que é importante para mulheres heterossexuais com vagina de nascença.

Dani Novack, coordenadara do seminário quer que o Ministério da Saúde exija de médicos e Psicólogos que perguntem as mulheres se elas tem relação com outra mulher, pois até agora apenas as heterossexuais tem sido incorporadas no sus. Dani afirma que as Lésbicas exigem que o Programa Nacional de Aids-PN financie projetos de capacitação de lideranças lésbicas e bissexuais para trabalhar ações de prevenção as Doenças Sexualmente Transmissíveis-DSTs. Hoje o PN/Aids só financia ações para Gays, usários de drogas, profissionais do sexo, negros, travestis , pessoas vivendo com Aids e mulheres heterossexuais, Dani questiona o motivo de tanta exclusão das Lésbicas na política de prevenção do PN. Há três anos a ABL vem tentando pactuar com o governo Federal o projeto somos-Lés que pretende garantir cidadania, auto-estima, respeito e prevenção das DSTs para mulheres não heterossexuais.

This entry was posted on sábado, julho 29, 2006 .