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Safo de Lesbos
Nota sobre o falecimento do ativista Raimundo Pereira
(Data 07.10.2006)
Recebemos neste momento pelo Diretor do Grupo Atobá, Carlos Alberto Migon, a informação que o ativista gay Raimundo Pereira, atual presidente do Grupo Atobá, faleceu hoje pela manhã com quadro de tuberculose no Hospital Alberto Schweitzer, no bairro de Realengo no Rio de Janeiro. Ainda não foi definido se o corpo será sepultado no Rio ou no Piauí.
Raimundo Pereira tinha 46 anos, natural da cidade José de Freitas no estado do Piauí, há quase 20 anos vivia no Rio de Janeiro, e durante mais de quinze anos de sua vida atuou no movimento fluminense de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais. Além do ativismo, ele era um apaixonado pela música, principalmente a clássica. Sempre nos presenteava com a sua voz em eventos públicos de nossa comunidade. A sua última apresentação foi quando o mesmo foi homenageado, juntamente com outros ativistas GLBT, em agosto passado na Prefeitura do Rio de Janeiro.
Raimundo Pereira era um competente comunicador social. Com a sua simpatia e olhar cirúrgico nos fatos ele conseguia captar com rapidez as tendências e com isso aproveitava as oportunidades midiáticas como ninguém. Denunciava a violência contra homossexuais na Zona Oeste do Rio e Baixada Fluminense.
Raimundo Pereira participou dos momentos mais emblemáticos do Movimento Fluminense de GLBT. Em 1992 participou com outros ativistas gays da ECO 92 . Em 1994 teve uma lente à frente de seu tempo e deu um furo importante para as colunas sociais dos jornais sobre o primeiro casamento gay entre Cláudio Nascimento e o falecido Adauto Belarmino, que depois assumiram a relação e assim protagonizaram o primeiro casamento gay público do Brasil.
Participou com outros ativistas da organização da Conferência Mundial da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, primeira Conferência desse caráter ocorrida na América do Sul. Também no mesmo ano atuou na organização da primeira Parada do Orgulho GLBT do Rio de Janeiro. Participou de diversos fóruns ações de mobilização por políticas públicas para GLBT do Estado, tendo participado em 1999 da criação do Disque Defesa Homossexual, primeiro serviço telefônico de atendimento de casos de violência e de articulações políticas para aprovação das leis municipal de nº 2473 de 1996 e da lei estadual de nº 3406 de 2000, ambas proíbem e punem a discriminação por orientação sexual. Poderíamos continuar citando a vasta contribuição que o ativista Raimundo Pereira deu na luta pela emancipação e conscientização homossexual coisa que não caberia nessa folha de papel.
Raimundo Pereira recebeu dos remanescentes do Jornal O Lampião a coleção completa daquele jornal para ser um guardião dessa importante história. Recentemente foi homenageado pelos ativistas piauensens ao batizarem o Centro de Referência Contra a Discriminação a GLBT Raimundo Pereira.
Raimundo Pereira você viverá para sempre em nossos corações e mentes!
Assinam:
Cláudio Nascimento – Secretário de Ações para os Direitos Humanos da ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros e membro do Conselho Nacional de Combate a Discriminação.
Jussara Bernardes – Presidente do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual (
Yone Lindgren – Coordenadora do Centro de Referência de Combate a Discriminação a Homossexuais do Rio, coordenadora da ABL e membro do Conselho de ética da ABGLT.
Marcio Caetano – Diretor do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual
Julio Moreira – Diretor do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual
Marjori Marchi – Presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro
Para informações liguem o Grupo Atobá:
021 – 3332-0787
outubro | Manhã | Tarde | Noite |
Quarta (4) | | | 19 horas – Plenária de mobilização da Frente Popular. Local : Sede PT |
Quinta (5) | Reabertura do Comitê (diariamente das 9 às 19 horas) | 14 horas e 30min. – Reunião das direções do PT e PC do B | 19 horas – Plenária dos trabalhadores em Educação. Local: Sede PT |
Sexta (6) | 9 horas e 30 minutos – Banca no Calçadão. | 17 horas e 30 minutos – BANDEIRAÇO LULA/OLIVIO na gen. Netto enfrente ao comitê. | |
Sábado (07) | 9 horas e 30 minutos – Mobilização no Calçadão enfrente a Catedral.(Largo Dr. Pio) | 15 horas – visitas nos bairros.(ver bairro) | |
Domingo (08) | 10 horas – feira da Barroso. | 15 horas - visitas nos bairros.( ver bairro) | |
Segunda (09) | 9 horas e 30 minutos – Banca no Calçadão. | 9 horas e 30 minutos – Banca no Calçadão. 18 horas – panfletagem nas paradas de Ônibus (praça Tamandaré) 18 horas – Plenária Sindical no sindicato dos portuários. | |
Terça (10) | 9 horas e 30 minutos – Banca no Calçadão. | 14 horas – Banca Calçadão. 18 horas – panfletagem nas paradas de Ônibus (praça Tamandaré) | 19 horas - PLENÁRIA DE MOBILISAÇÃO DA FRENTE POPULAR. Local: Sede PT |
Fundamentalismo religioso polui a política do Rio
Pedido do Bispo Crivela, em troca de seu apoio no segundo turno, faz Sérgio Cabral retirar compromissos com a defesa dos direitos humanos
Ontem o candidato a Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral fechou acordo com o Bispo Crivela, candidato a governador derrotado no primeiro turno das eleições do Rio. O bispo da Igreja Universal do Reino de Deus passou a apóiá-lo no segundo turno das eleições.
Hoje o candidato Sérgio Cabral retirou em caráter definitivo o Projeto de Emenda Constitucional de número 70 de 02 de setembro de 2003, que altera o parágrafo terceiro do artigo 226 da Constituição Federal, para permitir a união estável entre pessoas do mesmo sexo. No vai e vem dos candidatos nas eleições do Rio o tema dos direitos de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais (GLBT) foi utilizado como moeda de troca nesse acordo promíscuo entre Sérgio Cabral e o Bispo Crivela da Igreja Universal do Reino de Deus.
O candidato Sérgio Cabral é co-autor da lei 3786 de 2001, com o Deputado Estadual Carlos Minc, que concede o direito a pensão a companheiros do mesmo sexo de servidores públicos estaduais. Na ALERJ, quando deputado e presidente da Casa sempre atuou de forma protagonista, em parceria com outros parlamentares, na defesa dos direitos de GLBT e contra o fundamentalismo religioso, que insiste em misturar política com religião em nosso Rio, violando o princípio constitucional da laicidade do estado.
Já como senador, Sérgio Cabral participou e apoiou a Parada do Orgulho GLBT do Rio de Janeiro, que é hoje o maior ato político do Rio pela cidadania e direitos humanos, tendo reunido somente em Copacabana quase um milhão de pessoas em julho passado. No Estado, em todas as regiões, foram realizadas cerca de 20 paradas do Orgulho GLBT contra o preconceito e a discriminação e o fundamentalismo religioso mostrando a participação da sociedade nessa luta.
Ainda no primeiro turno reagimos ao crime que foi praticado contra o próprio candidato Sérgio Cabral e a outra candidata ao Governo do Estado Denise Frossard, como também contra Jandira Feghali candidata ao senado. Eles foram atacados covardemente com panfletos sem assinatura, criticando os candidatos por estarem associados à política dos direitos humanos, afirmando que os mesmos eram progressistas na defesa dos direitos dos homossexuais por isso devia haver um rechaço a eles.
Pesquisas realizadas no Rio de Janeiro apontam para a grave situação de violação aos direitos humanos e civis de GLBT. Na Pesquisa "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade" de 2003 e 2004, de autoria da UERJ-Clam, UCAM-Cesec e Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual, envolvendo GLBT no Rio, revelou que 60% dos entrevistados já tinham sido vítimas de algum tipo de agressão motivada pela orientação sexual, confirmando, assim, que a homofobia se reproduz sob múltiplas formas e em proporções muito significativas. Homofobia é uma atitude de rejeição e violência contra homossexuais e candidatos comprometidos com um Rio para todos deve condenar tal prática.
Muitos GLBT que possivelmente votariam no candidato receberam com indignação a atitude contraditória de Sérgio Cabral. Ele cometeu um erro gravíssimo e poderá pagar por isso. O Rio Janeiro tem mais de um milhão de eleitores homossexuais e podemos definir uma eleição.
Clodovil Hernandes - Horário Político Eleitoral 2006 1
Tomara que Clodovil seja um parceiro dos homossexuais no Congresso Nacional e faça valer nossos direitos!
Clodovil em Brasília
Um marco na história homossexual brasileira. Clodovil vai para o Congresso Nacional!
06/05/2006 - 02h30
Chico diz que vota em Lula de novo; leia entrevista
Editor de Brasil da Folha de S. Paulo
"É duro jogar na defesa." Foi esse o comentário bem-humorado que Chico Buarque fez assim que terminou a primeira parte de uma entrevista feita em dois tempos, no domingo à noite e na segunda-feira à tarde, no seu apartamento no Leblon. O compositor se referia à defesa que acabara de fazer do governo Lula.
Mas Chico Buarque não sabe, não gosta e não joga na defesa. Como no futebol, que, perto de completar 62 anos, em junho próximo, continua praticando três vezes por semana, Chico partiu logo para o ataque. Disse que o escândalo do mensalão o deixou, sim, decepcionado com o governo e é desastroso para o PT. Mas disse com ênfase ainda maior que as críticas da oposição e de parte da mídia a Lula exorbitaram tanto no tom quanto no conteúdo e são, por isso, inaceitáveis.
Divulgação |
DVD traz Chico Buarque nos bastidores de "Carioca" |
"Carioca", que chega hoje às lojas, está distante oito anos do CD anterior, "As Cidades", de 1998. No meio do caminho, o também escritor lançou o romance "Budapeste" (2003). Depois da Copa, ele deve retornar aos palcos apresentando o novo trabalho pelo país.
Folha - Em dezembro de 2004, em entrevista à Folha, você falou pela primeira vez desde a eleição do Lula a respeito do que pensava do governo e do país naquele momento. Fez críticas pontuais à gestão petista e ponderou que algumas oportunidades históricas de reforma social pareciam estar sendo desperdiçadas. Não obstante, o foco central da sua crítica se dirigia à escalada do pensamento reacionário no Brasil, do qual o ódio com que parcelas da classe média e parte da mídia se referiam ao presidente iletrado seria um dos exemplos mais gritantes. Entre o seu diagnóstico de então e a situação de hoje existiu o escândalo do mensalão, com todas as suas conseqüências. Você está decepcionado? O que mudou na sua avaliação do governo e da situação do país?
Chico Buarque - É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no Lula, abalou sobretudo o PT. Para o partido o escândalo é desastroso. O outro lado da moeda é que disso tudo pode surgir um partido mais correto, menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT a idéia de que você ou é petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano ou é burro (risos).
Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só ao PT, mas principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se trata do governo mais corrupto da história do Brasil é preciso dizer "espera aí". Quando aquele senador tucano canastrão vai para a tribuna do Senado dizer que vai bater no Lula, dar porrada, quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante --aí estão errando muito a mão. Governo mais corrupto da história? Onde está o corruptômetro? É preciso investigar as coisas, sim. Tem que punir, sim. Mas vamos entender melhor as coisas.
Folha - Como assim?
Chico - Pergunte a qualquer pequeno empresário como faz para levar adiante seu negócio. Ele é tentado o tempo todo a molhar a mão do fiscal para não se estrepar. O mesmo vale para o guarda de trânsito. E assim sucessivamente. A gente sabe que a corrupção no Brasil está em toda a parte. E vem agora esse pessoal do PFL, justamente eles, fazer cara de ofendido, de indignado. Não vão me comover. Eles fazem o papel da oposição, está certo. O PT também fez no passado o "Fora FHC", que era uma besteira.
Mas o preconceito de classe contra o Lula continua existindo --e em graus até mais elevados. A maneira como ele é insultado eu nunca vi igual. Acaba inclusive sendo contraproducente para quem agride, porque o sujeito mais humilde ouve e pensa: "Que história é essa de burro!? De ignorante!? De imbecil!?". Não me lembro de ninguém falar coisas assim antes, nem com o Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! --até assassino eu já ouvi. Fizeram o diabo para impedir que o Lula fosse presidente. Inventaram plebiscito, mudaram a duração do mandato, criaram a reeleição. Finalmente, como se fosse uma concessão, deixaram o Lula assumir. "Agora sai já daí, vagabundo!". É como se estivessem despachando um empregado a quem se permitiu esse luxo de ocupar a Casa Grande. "Agora volta pra senzala!". Eu não gostaria que fosse assim.
Folha - Você acredita que o Lula seja de fato visto como uma ameaça pelos mais ricos?
Chico - A economia, na verdade, não vai mudar se o presidente for um tucano. A coisa está tão atada que honestamente não vejo muita diferença entre um próximo governo Lula e um governo da oposição. Mas o país deu um passo importante elegendo o Lula. Considero deseducativo o discurso em voga: 'Tão cedo esse caras não voltam, eles não sabem fazer, não são preparados, não são poliglotas". Acho tudo isso muito grave.
Folha - Você vai votar no Lula? Tem a intenção de participar da campanha de alguma maneira?
Chico - Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou. Acredito que, apesar de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para investir no social que o Lula tem mais condições de atender. Vai ficar devendo, claro. Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso: "Quero ser cobrado, vocês precisam me cobrar, não quero ficar lá cercado de puxa sacos". Ouvi isso dele na última vez que o vi, antes de ele tomar posse, num encontro aqui no Rio.
Folha - Vários artistas, de Daniela Mercury a Cristiane Torloni, de Lima Duarte a Caetano Veloso, fizeram recentemente, em diferentes graus e circunstâncias, críticas ao PT, ao governo e ao próprio Lula. O meio artístico, ao que parece, não vai mais embarcar, como fez em 2002, no "Lula lá".
Chico - Pelo que eu ando lendo, a grande maioria dos artistas está contra o Lula. Tenho a missão de contrabalançar um pouco isso (risos). Há também entre os artistas um pouco daquela competição: quem vai falar mais mal do presidente? Mas concordo em parte com o que diz o Caetano. Em parte.
Quando ele fala que as pessoas do atual governo se cercam da aura de esquerda para justificar seus atos e reivindicar para si uma posição superior à dos demais, tudo isso também vale para o governo anterior. Os tucanos costumam carregar essa aura de esquerda com muito zelo. Volta e meia os vemos dizendo que foram contra a ditadura, que são intelectuais de esquerda. Fernando Henrique foi eleito como candidato de centro-esquerda. Na época a vice entregue ao PFL parecia algo estranho. Depois se provou que não era. As pessoas se servem do passado de esquerda como se fosse um título, um adorno. Na prática política efetiva essa identidade não funciona mais. Mas não funciona não apenas porque as pessoas viraram casaca. A história levou para isso. Levou o PSDB a se tornar o que é e obrigou o PT a abdicar de qualquer veleidade socialista ou revolucionária.
Folha - Por falar nisso, o que você acha do PSOL e dessa turma que deixou o PT fazendo críticas pela esquerda?
Chico - Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista, ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito próxima do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando rompe sai cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão crescer para cima do PT e eventualmente ajudar o adversário do Lula. Acompanhei o PT desde a sua fundação e vi de perto muitas dessas discussões. Em 1985, na eleição à prefeitura de São Paulo, eu achava que o Fernando Henrique era o único candidato da esquerda capaz de derrotar o Jânio Quadros. O PT lançou o [atual senador Eduardo] Suplicy. O que eu briguei com gente do PT --e por causa do Fernando Henrique Cardoso (risos). A candidatura do Suplicy no fim ajudou a eleger o Jânio Quadros.
Folha - Como você vê a atuação da mídia no escândalo do mensalão? Tem gente na órbita do PT que ainda diz que a mídia criou ou inventou essa crise.
Chico - Não acho que a mídia tenha inventado a crise. Mas a mídia ecoa muito mais o mensalão do que fazia com aquelas histórias do Fernando Henrique, a compra de votos, as privatizações. O Fernando Henrique sempre teve uma defesa sólida na mídia, colunistas chamados chapa-branca dispostos a defendê-lo a todo custo. O Lula não tem. Pelo contrário, é concurso de porrada para ver quem bate mais.
Folha - O rumo que as coisas tomaram no Brasil e no mundo o faz se sentir historicamente derrotado? A sua geração perdeu?
Chico - Qualquer tipo de frustração histórica que possa existir --e existe-- não me abate enquanto artista. Pessoalmente é outra coisa. É evidente que parte da minha geração que chegou ao poder não lutou a vida inteira para isso. Eu vou dizer: até mesmo pessoas que hoje são execradas publicamente, como o Zé Dirceu...
Não tenho maior simpatia pelo Zé Dirceu, acho que ele errou, que ele tem culpa, sim, por tudo o que aconteceu, mas eu respeito uma pessoa que num determinado momento entregou a sua vida, jogou tudo o que tinha em nome de uma causa coletiva, do país.
Como o Zé Dirceu eu poderia citar outros nomes que chegaram ao poder, mas chegaram despidos daquele sonho em nome do qual eles lutaram a vida toda. Quem sabe para chegar ao poder tiveram justamente que se adequar à realidade, se render ao pragmatismo. A pessoa que chega ao poder é um pouco um fantasma daquela que deu a vida por algo que não se realizou.
Não assinei manifesto pelo Dirceu, não participei de nada disso, mas admiro uma pessoa que num determinado momento entrega sua própria vida por alguma coisa, um sonho coletivo. Isso me toca num ambiente político em que as pessoas se vendem por uma ninharia, defendendo interesses pessoais, pequenos, na maior parte das vezes escusos. É uma pena ver niveladas pessoas com histórias tão díspares.
Falar hoje de socialismo soa inviável e anacrônico. Parece haver uma condenação do país á receita que está aí. Ao mesmo tempo, disso resulta uma certa apatia. Também acho perigoso o discurso de que a política é nojenta, de que os políticos são todos iguais, todos ladrões. Lutamos mais de 20 anos por democracia, saímos nas ruas, cantamos pelas Diretas. Acho muito chata essa conversa de voto nulo.
Folha- Quando pensamos nas mazelas do Rio, a imagem que nos vem à cabeça é a dos morros, das favelas dominadas pelo tráfico, da miséria pendurada na paisagem da zona sul. Sua canção "Subúrbio" desloca nossa atenção para as costas das montanhas, onde o drama social parece condenado ao esquecimento e ao silêncio. É como se a própria miséria tivesse também a sua periferia...
Chico - Existe mesmo na canção a intenção de fazer cantar a periferia --ou antes a periferia da periferia da periferia. O Brasil sempre ocupou uma posição periférica no mundo e o Rio, cada vez mais, está numa situação periférica em relação às decisões nacionais, ao poder, a São Paulo. O subúrbio do Rio é a periferia dessa cidade meio marginalizada e está literalmente fora do mapa.
Fui procurar mapas do Rio quando estava fazendo a canção e não encontrei nenhum incluindo o subúrbio. As pessoas se lembram de Vigário Geral por causa da chacina, sabem que existe Olaria e Madureira por causa do futebol, mas não se vai muito além disso.
Folha - Quando você se refere ao subúrbio, não fala apenas da vida inviável, da violência, da condenação ao esquecimento, mas de um lugar que, para além disso, preserva tradições populares e formas de arte como o samba de roda, as cabrochas e o próprio choro. Isso convive com o rap, o hip-hop, o funk, o rock. Enfim, há vários tempos históricos convivendo na canção.
Chico - Isso existe, esses tempos estão lá. Até mesmo esse subúrbio idílico, que aparece muito nas novelas, isso também existe, mas misturado a outras formas de existência e expressão dessa realidade.
Folha - Um dos achados da canção são os versos "Fala no pé/ Dá uma idéia/ Naquela que te sombreia". A canção mimetiza e estiliza a língua dos "manos" para mandar um recado do subúrbio à cidade maravilhosa que está do lado de cá da montanha.
Chico - É. Dar uma idéia para alguém é português. Agora, dar uma idéia em alguém é outra coisa. Consultei várias pessoas sobre o sentido da expressão, ouvi respostas variadas, mas achei que se encaixava bem na canção.
Folha - Agora está na praça a expressão "Vou dar um psicológico" em fulano.
Chico - Essa não conhecia (risos).
Folha - Você diz, entre sério e irônico, que "Carioca", o título do CD, é uma homenagem a São Paulo, pois era assim que lhe chamavam os amigos paulistanos quando você vivia na cidade. Já foi mais fácil ser carioca?
Chico - "Carioca" é o nome do disco, não sou eu me declarando --não se trata de uma afirmação pessoal. O disco acabou resultando carioca pela temática de várias canções e pelo clima musical, a linguagem musical-- essa, sim, talvez mais acentuadamente do que em outros discos meus, é carioca.
Folha - Você não teme reavivar ou ser vítima de velhos bairrismos?
Chico - Não pensei nisso e não tenho essa intenção, pelo contrário. Talvez também porque tenha morado muito em São Paulo e algum tempo fora do país eu sempre achei qualquer forma de bairrismo uma grande besteira. Enquanto é brincadeira, vá lá, tolera-se, mas quando começa a virar coisa séria não dá. Às vezes eu percebo um tom bairrista muito acentuado em articulistas da imprensa paulista. Não precisaria. São Paulo já é hegemônica. E no Rio, quando vejo uma manifestação bairrista, é um pouco uma reação de defesa, de quem se sente ameaçado.
Folha - Para muita gente você continua sendo um paulista no Rio. É curioso, porque na sua juventude, quando era um carioca em São Paulo, o centro dinâmico da vida nacional também estava do outro lado, no Rio.
Chico - É verdade. Quando fui morar em São Paulo, ainda bem criança, aquilo era para mim uma província. O Rio era uma cidade maior, a capital da República, tinha prédios de apartamentos, Copacabana, Flamengo, Botafogo. Em São Paulo os prédios de apartamentos estavam quase todos concentrados no centro _era uma cidade menor, parecia do interior. Na minha cabeça era. Lembro-me quando, nos anos 50, morando na rua Henrique Schaumann, eu fui até a igreja do calvário, ali atrás da praça Benedito Calixto, e voltei correndo pra dizer à minha irmã: "Descobri onde São Paulo acaba!". Não havia nada além daquele ponto, era um descampado.
São Paulo conheceu não só um crescimento demográfico espantoso, mas passou a rivalizar com Brasília em termos de exercício de poder. Decide-se em restaurantes quem é o melhor candidato à Presidência, ou qual é o paulista mais habilitado para disputar contra o Lula, por sua vez um político paulista também. O Lula fez a carreira dele em São Paulo, no ABC. Essa hegemonia paulista, tão visível na riqueza e na política, não ocorre na cultura, na música em particular. É um mistério para mim.
Folha - A sua geração escolheu o Rio como casa e isso talvez explique parte do que você está descrevendo.
Chico - Na verdade não é só a minha geração. O próprio Dorival Caymmi. As primeiras canções dele sobre a Bahia ele trouxe de lá, mas chegando aqui, nos anos 40, começou a cantar Copacabana, cantava "ai, que saudades eu tenho da Bahia", mas continuava, como até hoje, morando no Rio (risos). Era aqui que as coisas aconteciam. Vinham todos. O meu pai [o historiador Sérgio Buarque de Holanda] era paulista e veio morar no Rio. Manuel Bandeira era carioca de Pernambuco; Drummond, carioca de Minas; Rubem Braga, capixaba.
Folha - Você acha que o público mais jovem tem interesse pelo que você e sua geração fazem hoje? O que mudou na recepção do seu trabalho?
Chico - Mudou muita coisa. Para as pessoas mais velhas, da minha geração e de gerações mais próximas à minha, as músicas costumam ter história, lastro, estão ligadas à vida de cada um ou relacionadas a momentos do país. É comum ouvir "isso me lembra as Diretas-Já, isso me lembra Geisel, isso me lembra o Festival da Record". Para a garotada não há nada disso. Para eles sou músico de um passado só, de um tempo só. Outro dia um jovem me disse: "Adoro aquela sua música". "Qual?", perguntei: "Com Açúcar, com Afeto" (risos). A música tem 40 anos!.
Folha - É uma jovem senhora, mas ainda chama a atenção dos mais novos.
Chico - Isso na verdade é cíclico. Nos anos 80, em determinado momento que uma parte expressiva da mídia flertou com muito entusiasmo com uma certa idéia de internacionalização da cultura e de desbunde com o mercado, parecia que a música da gente já era. nacional, só rock e olhe lá. Eu fui considerado completamente ultrapassado. Depois voltou. Daqui a pouco pode ser que não interesse mais. A gente continua fazendo --existe uma teimosia aí. E também, a essa altura, uma natural despreocupação com o sucesso imediato. Mesmo porque o sucesso imediato não acontece.
Folha - Você considera que o novo CD exige uma digestão mais lenta?
Chico - Você e outros comentaram que, a exemplo do anterior, o disco não é fácil de se gostar na primeira audição. Talvez não seja mesmo. Eu aposto um pouquinho no fato de que a pessoa vá ouvir várias vezes. Quando se trata de um livro, você tem que gostar da primeira vez. Há até aqueles que gostam da primeira vez e lêem duas, três vezes, grifam frases, anotam coisas. A maioria das pessoas, no entanto, quando muito, lê uma vez. mas disco não. Você ouve várias vezes. Geralmente, gosta de uma ou duas músicas, vai repetindo. Às vezes aquela música que você gosta no começo vai enjoando e você então descobre outra. Eu pelo menos ouço disco assim.
É difícil no meu caso ter uma música que seja um grande sucesso, que toque no rádio --eu não conto com isso. Não estou preocupado em fazer, como diziam os italianos, uma música "orecciabile", "orelhável". No final dos anos 60, quando morei em Roma, eles queriam que eu fizesse outra música como "A Banda", "orecciabile". E eu acabei não fazendo outras músicas "orelháveis", frustrando muitas expectativas (risos).
Hoje não existe nenhuma expectativa, nem minha nem de ninguém, de que eu precise ou vá compor uma música "orecciabile". É natural que haja um tempo maior e um apuro maior, não apenas no processo de composição, mas também no trabalho de estúdio, durante os arranjos, as gravações. É sem dúvida um trabalho mais sério, mais cuidado do que era há anos atrás. Não quero dizer que isso resulte numa música "impopular" de propósito, uma música sofisticada demais --não acho isso--, mas é uma música que não tem compromisso com o sucesso. Isso talvez a torne mais longeva. Algumas canções vão ter maior aceitação, outras ficarão fatalmente esquecidas e talvez sejam recuperadas lá adiante, por algum outro artista.
Folha - Você às vezes transmite a sensação de que gostaria de ver seu trabalho melhor compreendido.
Chico - Sei que é difícil falar do disco. Até para mim é difícil. Em jornal, crítico de música geralmente é crítico de letra. É compreensível que seja assim --a letra vai impressa, o crítico destaca este ou aquele trecho... funciona assim. Eu cada vez mais dou importância à música e tenho vontade de dizer: "Olha, só fiz essa letra porque essa música pedia. Isso não é poesia, é canção". Enfim, fico um pouquinho chateado com essas coisas, mas sei que é difícil mesmo. Como é que vai imprimir uma partitura no jornal e explicar aos leitores? Não dá, eu sei.
Folha - Você volta a fazer shows neste ano?
Chico - Tenho vontade de fazer shows, sim. Depois da gravação, do convívio com os músicos no estúdio essa vontade aparece. É o passo seguinte, de certa forma natural. Vamos ver isso depois da Copa.
Folha - Você acaba de gravar uma série de 12 programas dirigidos por Roberto Oliveira, que mesclam entrevistas inéditas e imagens de arquivo cobrindo praticamente toda a sua carreira. Chamou atenção a maneira desinibida com que você acabou passando a limpo a sua trajetória como artista. O que o levou a fazer esse balanço?
Chico - O Roberto foi me engabelando (risos). A idéia inicial eram dois ou três programas. Achei que a proposta de recuperar imagens de arquivo que de outra forma ficariam perdidas justificava o trabalho. Mas só fazia sentido se isso viesse acompanhado de algo mais.
Folha - Esses documentários que os programas recuperam, principalmente dos anos 70 e 80, chamam atenção pelo despojamento, pelo ambiente caseiro, pelos ensaios descontraídos. Vivia-se em outro planeta, não?
Chico - Esses programas durante alguns anos, sobretudo nos 70, eram um contraponto à programação da Globo. Fiquei muito tempo fora da Globo durante a ditadura, primeiro porque eles me vetaram, depois, quando me chamaram, porque eu não queria. Mas esses programas destoavam mesmo da estética da Globo. Mostravam os artistas gravando, bebendo. Era uma coisa meio mal acabada, meio alternativa. Alguns discos, não apenas os meus, também tinham esse clima. Era uma bagunça. Ouvindo hoje a gente tem a sensação de que o cantor bebeu, o maestro fumou e o produtor cheirou, não necessariamente nessa ordem (risos). Era muita loucura, o estúdio cheio de gente, garrafas pelo chão, uma festa. Hoje você entra num estúdio e é aquela coisa ascética. Parece um hospital. Não se come, não se bebe, não se fuma, não se faz nada ali dentro.
Naquela época havia um certo valor nessa transgressão, nesse desregramento. Você ia gravar daquele jeito, todos no estúdio estavam daquele jeito e provavelmente quem ia ouvir os discos também estava daquele jeito. Não deixava de ser também uma maneira de enfrentar e suportar a repressão. Hoje não faria nenhum sentido gravar naquelas condições.
Folha - Era uma época mais simpática?
Chico - Não acho nada simpática. Não dá para abstrair a ditadura. Uma coisa é Maio de 68 na França. Outra, completamente distinta, o nosso dezembro de 68.
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E agora? | 3/10/2006 |
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Ativistas avaliam como positiva a renovação do quadro político brasileiro pós-eleições
Por Paco Llistó
Foto: Arquivo Mix |
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Para Welton Trindade, presidente do Estruturação - Grupo LGBT de Brasília, o momento é prematuro para avaliar se os parlamentares eleitos darão continuidade ao trabalho dos anteriores. "De forma geral, o novo cenário possui um grande potencial de continuidade da crescente evolução dos direitos GLBT que temos vivido nos últimos anos. A baixa reeleição dos integrantes da Frente Mista pela Livre Expressão Sexual realmente é desanimadora, mas avaliações que consideram isso uma grande catástrofe são prematuras ainda. Temos de ver quem entrou agora na Câmara. Quem sabe até não superamos o número atual de parlamentares pró-GLBT? Enfim, o terreno de trabalho para os próximos quatro anos pode nos dar boas surpresas ", acredita.
Já para Toni Reis, presidente do Grupo Dignidade e coordenador geral do Projeto Aliadas, que batalha pela aprovação de leis pró-gays, o quadro político atual é reflexo da recomposição do Congresso como um todo. Na opinião dele, são boas as perspectivas de ampliar a Frente para pelo menos 140 integrantes. "A análise dos novos eleitos da esquerda, das novas deputadas e senadoras, bem como o histórico de atuação de outros parlamentares eleitos aponta para em torno de 90 possíveis novas adesões à Frente ", diz. "Também foi maravilhoso ver que 95% dos nossos adversários não se reelegeram. Inclusive, da CPI das Sanguessugas, 22 eram nossos adversários e nenhum destes conseguiu se reeleger ", ressalta.
Os ativistas acreditam que chegou a hora de tentar uma rearticulação no movimento para conseguir mais apoio na Câmara e no Senado. "O trabalho é o mesmo, conversar, conquistar, fidelizar e trabalhar em conjunto ", opina Trindade. "A ABGLT [Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros] vai realizar um grande trabalho de advocacy junto aos novos parlamentares. Cada estado terá um coordenador e um vice-coordenador do Projeto Aliadas, juntamente com um parlamentar que coordenará as bancadas por estado. Também faremos parcerias com sites, blogs etc. para fazer uma grande mobilização. Acima de tudo, o objetivo da ABGLT para o próximo mandato do Congresso Nacional é a profissionalização dessas ações ", explica Reis.
Particularmente no Distrito Federal, Trindade comemora a reeleição da deputada Érika Kokay, que recebeu quase 23 mil votos. Ele só lamenta a derrota da deputada federal Maninha, do PSOL. "Mas já identificamos bons potenciais aliados entre os futuros parlamentares nos dois níveis ", diz o ativista, cuja ONG realizou nas últimas semanas a campanha "Vote Consciente. Vote arco-íris", que teve como objetivo alertar os homossexuais para o voto consciente.
No Paraná, Reis conta que nenhum candidato homossexual assumido conseguiu se eleger. "Por outro lado, foram eleitos deputados aliados importantes da causa, como o deputado federal Dr. Rosinha (PT) que tem nos apoiado desde 1992. Também o deputado federal Luiz Carlos Hauly, que se comprometeu inclusive de articular na bancada do PSDB a aprovação da lei 5003/2001 que proíbe a discriminação por orientação sexual. O deputado federal Gustavo Fruet também já se posicionou favoravelmente à lei antidiscriminatória. Outros deputados, como Ratinho Júnior e Ângelo Vanhoni, ex-candidato a prefeito de Curitiba, também sempre votaram favorável às nossas questões na Assembléia Legislativa do Paraná, e agora serão nossos aliados no Congresso Nacional ", destaca.
Em nova enviada à imprensa nesta terça-feira, a ABGLT destacou os adversários que saíram enfraquecidos destas eleições. "Importante para o avanço dos direitos humanos de GLBT foi a derrota de adversários ferrenhos, como Elimar Máximo Damasceno (Prona-SP), autor de diversos projetos de leis contrários a GLBT; Philemon Rodrigues (PDT-PB); Salvador Zimbalde (PSB-SP); Pastor Oliveira (PFL-PR); Pastor Frankembergen (PTB-RR); bem como Severino Cavalcanti, que também não se elegeu ", diz a nota.
Para a ABGLT, a mudança na composição da Frente era previsível, "embora seja lamentável que vários de nossos principais aliados não tenham se reeleito. " Sobre a vitória de Clodovil, a entidade reafirmou seu interesse de apresentar as demandas da comunidade GLBT para o novo deputado. "A nossa estratégia é de conversar com Clodovil e ganhar um aliado de nossas causas dentro do Congresso Nacional ", diz Reis.
Clodovil é um comunicador experiente e polemico. Há muitos anos na TV brasileira se comunicando com diversos públicos e captando as opiniões desses, ele soube se aproveitar bem desse carisma construído. Ele tem um discurso bastante conservador frente às questões de família, homossexualidade e direitos humanos, mas ao mesmo tempo tem uma posição sincretista diante das religiões e assume a homossexualidade. Penso que o Movimento GLBT precisará apresentar para ele sugestão de ações para o seu mandato e buscar se aproximar dele para que seja mais um membro da Frente Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual. Tomara que Clodovil se projete como um parlamentar atuante defendendo bandeiras dos direitos humanos e dos homossexuais, e não como mais um. Preocupa-me a sua posição conservadora e espero que essa não seja utilizada para fazer frente contrária aos projetos de lei favoráveis à cidadania de GLBT. O Brasil precisa se alinhar aos países que vem tomando medidas nesse sentido e o papel de parlamentares fundamental para isso. Ele é inteligente. Espero que não se deixe ser utilizado como um bobo da corte. Assumir a homossexualidade não pode ser único requisito para se apoiar ou não um candidato ou um parlamentar, mas que isso, é preciso história, prática política e propostas de ações comprometidas com a cidadania.
2. Nova câmera dos deputados, depois de 01 de outubro.
É uma pena ver parlamentares super atuantes na frente não terem conseguido se eleger para a próxima legislatura. São Paulo perdeu muitos parlamentares de destaque na agenda política nacional pelos direitos de GLBT e em outros estados em menor grau. No Rio, por exemplo, a Jandira Feghali deputada federal disputou e perdeu a disputa para o Senado Federal. Jandira recebeu apoio integral de ativistas de vários movimentos sociais, inclusive de GLBT, mas a pressão religiosa contra a candidata e os recursos milionários para a candidatura de Dornelles a colocou em segundo lugar. Já Laura Carneiro perdeu por causa das denúncias de seu envolvimento na operação das sanguessugas. Porém vale lembrar que reelegemos vários parlamentares da Frente como Fernando Gabeira (PV-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Maria do Rosário (PT-RS), Dr. Rosinha (PT-PR), Chico Alencar (PSOL-RJ), Nelson Pelegrino (PT-BA) e novos parlamentares que já atuam na defesa dos direitos dos GLBT em seus estados. Posso citar, por exemplo, a eleição dos deputados estaduais Cida Diogo (PT-Rio) e Paulo Teixeira (PT-SP) que assumem uma vaga na Câmara Federal.
3. O novo cenário e as perspectivas para o movimento GLBT brasileiro.
Claudio Nascimento
35 anos, há 18 anos no movimento GLBT.
Membro do Conselho Nacional de Combate a Discriminação
Membro do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual
Cidadão Honorário da Cidade do Rio concedido pela Câmara de Vereadores do Rio
Ganhou a Medalha Tiradentes concedido pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
SP TREINA GUARDA CIVIL PARA LIDAR COM PÚBLICO HOMOSSEXUAL
01/10/2006 - 03h32m
Intenção é mudar o olhar da tropa com palestras sobre sexualidade
Os cursos serão ministrados mediante convênio entre a Prefeitura e a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (CADS).
Segundo Neide de Castro, coordenadora do Centro de Formação em Segurança Urbana, o curso visa, principalmente, mudar o olhar da tropa em relação a assuntos que antes eram vistos como tabus. "Eles aprendem que cada um tem uma opção sexual e são orientados sobre a forma correta de tratar o público gay tanto no atendimento de ocorrências quanto na prestação de informações", afirma.
De acordo com Neide de Castro, o ciclo de atualização profissional da Guarda já está em sua 18ª edição. Mas só após uma palestra com pessoas da CADS, em 2005, se constatou que muitos servidores tinham dúvidas sobre o assunto e, por isso, os cursos foram introduzidos.
Orgulho gay
Para o presidente do Movimento do Orgulho Gay, Nélson Matias, esse tipo de orientação já deveria ter acontecido há muito tempo. "Porém, nunca é tarde, pois as pessoas só mudam seu comportamento com educação", diz.
Matias afirma que os homossexuais ainda sofrem vários tipos de violência por causa do preconceito. "A violência tem diversas fases, pois ela vai da agressão às piadinhas dentro de delegacias", conta. "Muitas vezes o policial não sabe lidar com assuntos que são tabus por causa do tipo de educação que foi lhe dada", observa.
Matias lembra que a situação dos travestis é a pior de todas. "Eles são a Geni da música do Chico, pois são discriminados no mercado de trabalho, sofrem violência da sociedade e ainda são vítimas de extorsão nas ruas", lamenta.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,AA1292853-5605-2482,00.html
LULA VOTA EM SÃO BERNARDO DO CAMPO
Acompanhado de comitiva, presidente entrou na seção eleitoral onde vota sem dar declarações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Escola Estadual João Firmino Correia de Araújo onde vota, em São Bernardo do Campo, às 10h09. Ele deixou seu apartamento às 9h58. Saudado por eleitores, ele entrou na seção acompanhado da mulher, Marisa Letícia.
O presidente demonstrou otimismo sobre uma eventual vitória no primeiro turno, apesar das pesquisas indicarem a possibilidade de uma segunda rodada. "Estou confiante que vamos vencer estas eleições hoje", disse Lula em breve comentário depois de afirmar que os eleitores estão indo às urnas "com maturidade".
Lula chegou ao local da votação em um carro da Presidência, acompanhado de uma comitiva com aproximadamente 20 carros, incluindo seguranças e uma ambulância. Lula foi acompanhado do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, do candidato do PT ao governo do Estado, Aloizio Mercadante, e outros líderes do PT.
"O povo brasileiro sabe o que quer e o gesto dele é soberano", disse o candidato à reeleição, após a votação. Lula se mostrou bem-humorado e na saída da seção eleitoral ele cumprimentou vários eleitores.
Norte-Nordeste de Estudos e Pesquisas
sobre a Mulher e Relacões de gênero
Recife, 22 a 24 de novembro de 2006
Agregar estudiosas/os e articular um espaço para a troca de conhecimentos e de experiências regionais, que levem a reflexões sobre as conquistas, tensões e perspectivas do feminismo acadêmico e sua contribuição para o avanço das lutas das mulheres.
Este encontro pretende também divulgar a produção intelectual regional (seja teórica, seja de pesquisa); facilitar os agenciamentos de novas pesquisas; propiciar novos intercâmbios entre professores, pesquisadores e estudantes de graduação e de pós-graduação; além, de se constituir num momento de formação sobre temas emergentes relacionados ao feminismo, que ora desafiam o pensar e o agir da academia, de organismos governamentais e não governamentais e de movimentos feministas e de mulheres.
Pesquisadoras/es, estudantes, especialistas, profissionais, integrantes dos diversos Núcleos, Centros e Programas Universitários de Estudos Feministas das Regiões Norte e Nordeste do Brasil
Qualquer pessoa pode participar dos encontros da REDOR, desde que faça sua inscrição devidamente. Porém, a inscrição de trabalho só pode ser feita por sócios e sócias da REDOR. Portanto, além da inscrição, providencie sua filiação ou atualize o pagamento da anuidade.
Até 02 de outubro: Envio de resumos
03 a 16 de outubro: Resultado da seleção de trabalhos
17 a 23 de outubro: Envio do trabalho completo
22 a 24 de novembro: Encontro Regional
Fundação Joaquim Nabuco e
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Instituto PAPAI
Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher e Relações de Gênero (NUPEM/UFRPE)
Izaura Fischer
Laura Duque Arrazola
Lígia Albuquerque de Melo
Celecina de Maria Veras Sales – Coordenadora Executiva
Gema Galgani Silveira Leite Esmeraldo – Coordenadora Executiva
Laura Susana Duque Arrazola – Coordenadora de Capacitação
Ana Alice Alcantara Costa – Coordenadora de Pesquisa
Benedito Medrado – Coordenador de Comunicação e Informação
ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDE NEGRA
NOVAS PERSPECTIVAS NA MILITÂNCIA
ÉTNICO/RACIAL
A juventude negra organizada, fruto da ação histórica do movimento
negro
e já parte deste, vem construindo suas alternativas na luta anti-
racista e
pela promoção da igualdade étnico/racial de oportunidades. Os(as)
jovens
negros(as), através de suas manifestações nos setores político,
cultural e
social, têm alcançado espaços de representação nos diversos segmentos
da
sociedade brasileira, apresentando-se como atores e atrizes capazes de
estabelecer diálogos, conquistas e propostas políticas.
Quais os objetivos?
Os objetivos centrais do Enjune são: promover um intercâmbio entre os
(as)
participantes; construir um documento representativo desta juventude
que
sirva de orientação para a implementação de políticas públicas;
criação de
uma rede de comunicação e a efetivação de um Fórum Nacional de
Juventude Negra. O processo de construção do Enjune se dá a partir do
trabalho de comissões organizadoras e uma coordenação nacional,
visando
disseminar as informações sobre a construção do encontro pelo país e
estimular a participação da juventude brasileira neste processo
político.
Como funciona?
O Enjune possui um perfil afrocentrado, supra partidário e sem
vínculos
religiosos. Sua construção se dá de forma coletiva, contemplando os
diferentes perfis de juventude e as particularidades de cada região,
apontando para uma organização heterogênea, mas que mantenha sua
autonomia enquanto juventude negra.
Quando, onde e como?
O Encontro Nacional de juventude Negra acontecerá durante os dias 11,
12
e 13 de maio de 2007, na Bahia e contará com a presença de cerca de
600
delegados(as) jovens negros(as), eleitos(as) nas etapas estaduais,
convidados(as) e observadores(as) de todo o país.
O Enjune funcionará a partir de 13 eixos temáticos que conduzirão os
debates nos paineis temáticos, nas rodas de discussão e nos grupos de
troca de experiências:
- Políticas de reparações e ações afirmativas
- Saúde da população negra
- GLBT: Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos
- Trabalho, empreendedorismo e geração de renda
- Educação para a construção da identidade negra brasileira
- Terra para a população negra e periférica nos espaços
urbanos, rurais e quilombos
- Cultura como forma de transformação social
- Estratégias de inserção, ocupação e luta de classe
nos espaços políticos
- Segurança, vulnerabilidade e risco social
- Empoderamento tecnológico e dos meios de comunicação
- Religião do povo negro brasileiro
- Direitos das Mulheres Jovens: Gênero e feminismo
- Meio ambiente e desenvolvimento sustentável
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