Em Rebeldia: EM REBELDIA é um espaço de discussão, enriquecimento, opiniões, debate e todas as outras palavras que nos conduzam a uma construção coletiva de idéias capazes de apoiar a materialização de nossa revolução cotidiana e permanente que é a nossa luta. Lutamos contra um mundo patriarcal, homo-lesbofóbico, racista, classista e todas as ideologias que nascem e se reproduzem debaixo das garras do capital e do sistema capitalista.
Seminário Internacional Fazendo Gênero ao Vivo pela Internet!
O NAVI fará sua primeira experiencia de transmissao via internet durante o VII Seminário Internacional Fazendo Gênero. Acesse http://www.fazendogenero7.ufsc.br/ ,
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seu computador, várias das mesas e debates. O Seminário acontece em Florianópolis dias 28, 29 e 30 de agosto.
Meu Trabalho no Fazendo Gênero: Pensamentos, críticas, sugestões são bem vindas!
Gênero, Corpo e Diversidade Sexual (Sexualidades) – ST 51
Felipe B. M. Fernandes e Paula R. C. Ribeiro
PPGEA – FURG/RS
homossexualidades – identidades – ativismo (homossexual)
A Produção e Manutenção das Identidades Ativistas no Movimento Homossexual no Brasil Contemporâneo
Este artigo procura falar sobre as identidades de um ativista gay, e como este ativista foi se constituindo no interior do Movimento Homossexual. Materializa-se como resultados parciais da pesquisa de mestrado intitulada Identidades, Ativismo e Movimento Homossexual no Brasil Contemporâneo. Assim, o trabalho traz análises preliminares resultados de entrevista com um ativista homossexual do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (CELLOS/MG). Nesta pesquisa foi utilizada a metodologia da História Oral, que permite contar não somente a história destas pessoas, mas também a história da produção e manutenção da identidade ativista deste grupo. Assim, em um primeiro momento farei um diálogo com a literatura sobre a concepção de identidade assumida neste trabalho, bem como com alguns autores que teorizam sobre o Movimento Homossexual. Após este diálogo apresentarei a análise das narrativas de um ativista homossexual nomeado Rick – 31 anos, branco, segundo grau completo, pais analfabetos, que não possuía experiência em nenhum outro movimento social antes do ingresso no CELLOS/MG.
O ativista homossexual é um personagem que surge na cena brasileira no final da década de 1970. Portanto, neste trabalho concebemos ativista como uma das identidades destes sujeitos. Neste sentido o termo identidade é concebido como uma posição assumida social e simbolicamente e, como são múltiplas, são definidas por Hall como os “pontos de apego temporário às posições-de-sujeito, que as práticas discursivas constroem para nós” (2000, p. 112). As identidades são fabricadas por meio da marcação da diferença, sendo que esta marcação ocorre tanto por meio dos sistemas simbólicos de representação, quanto por meio de formas de exclusão social, o que leva a entender que a identidade não é o oposto da diferença, e sim, dependente dela (WOODWARD, 2000).
O Movimento Homossexual é observado como parte dos movimentos que atuam segundo as políticas de identidade, sendo estas entendidas como instrumentos de intervenção, utilizados para obter direitos, igualar-se a outras identidades, e efetuar manobras de enfrentamento ou coalizão com outros grupos (SEFFNER, 2003). Podem ser demarcados alguns momentos característicos para a emergência do movimento homossexual no Brasil: o primeiro, caracterizado pela conjuntura política do final da década de 1970, marcado pela fundação do “Grupo Somos de Afirmação Homossexual”, em São Paulo, e o segundo momento que foi abalado pela chegada da Aids (CÂMARA, 2002). Segundo Facchini (2004), durante a década de 80 o movimento sofreu uma redução na quantidade de grupos, desarticulados ou deslocados para a construção de uma resposta coletiva à Aids.
Já nos anos 90, [...] não somente o número de grupos e organizações aumentou e se expandiu por todos os estados brasileiros, como surgiu uma diversificação de formatos [...] e propostas de atuação, uma ampliação da rede de relações sociais do movimento e a reformulação de seu sujeito político, de modo a designar separadamente gays, lésbicas, transgêneros, transexuais e bissexuais (id., p. 47).
O CELLOS/MG começa a ser pensado em 2001, quando um grupo de estudantes e dissidentes de outras organizações homossexuais de Belo Horizonte optam pela criação de um novo grupo. Em sua carta de fundação afirmam que a garra e a rebeldia da juventude têm sido decisiva na luta por um mundo melhor, em vários períodos da história. Em 2004 o grupo é legalizado como uma Associação Civil sem fins lucrativos, e estabelece em seu estatuto no Art. 2° os objetivos: (i) defender os homossexuais em situação de violência; (ii) conscientizá-los de seus direitos; (iii) lutar contra o preconceito, a discriminação e a violência, formar e educar os homossexuais para que eles vivam com dignidade a[s] suas visibilidades; (iv) promover encontros, fóruns, debates e outras formas de eventos para discussão de seus objetivos. Neste contexto, há três anos Rick se reivindica membro da entidade.
Ao analisar as narrativas de Rick, surgiram vários registros de episódios sobre a infância, bem como a importância dada por Rick à ausência de seu pai no ambiente familiar, além do papel exercido pela sua mãe. Fui criado assim, só o carinho de mãe, não tinha totalmente os meus irmãos. [...] Eu sentia falta do meu pai. Que eu vi ele três ou quatro vezes no máximo. [...] Minha mãe foi mãe e pai pra mim e até hoje é. [...] Sempre tive uma revolta muito grande por não ter vivido com o meu pai. Rick teve uma infância e adolescência pobre, e até hoje é morador da periferia em Belo Horizonte. Como portador da hemofilia Rick afirma ter enfrentado várias adversidades. Uma delas foi a rejeição na escola durante os anos iniciais. Porque haveria muitas faltas, porque eu tinha muitas hermatroses consecutivas, espontâneas, [...] toda semana.
Este contexto fez com que a mãe de Rick o matriculasse em um colégio interno em Belo Horizonte onde, segundo Rick, era estabelecida uma vigilância constante sobre os corpos dos estudantes. A gente não tinha nem como conversar porque não era permitido bater papo. A agressão física, segundo Rick, era prática comum de disciplinamento dos corpos. Infelizmente a punição deles era um pouco diferente porque eles agrediam. Batiam, davam socos mesmo.
O início do exercício da sexualidade de Rick foi após a média da maioria dos jovens do sexo masculino (ABRAMOVAY, 2004). [Na] época de colégio interno eu não tinha essa definição. [...] Eu não sentia tesão. [...] Fui ter essa definição na oitava série com vinte e poucos anos. Com o início da vivência homossexual Rick passa a freqüentar o que ele chamou de “meio homossexual”. A gente passa por uma certa fase de conhecimento do meio, aparição na boate. Este momento demonstra como Rick passa a visibilizar e vivenciar publicamente sua identidade homossexual, portanto, revela sua identidade sexual. Segundo Louro (2004) a vivência segregada, ou em segredo, é resultado da categorização e nomeação do sujeito homossexual como um desvio da norma.
Após o início do exercício de sua homossexualidade, Rick percebeu a necessidade de confrontar diversas instituições de nossa sociedade que, segundo ele, assumem como padrão de normalidade: homem e mulher, [já] mulher com mulher e homem com homem daí [...] não aceitam. A primeira destas instituições levantadas por Rick foi a família, a qual afirma ter dedicado tempo na elaboração de uma forma de “assumir-se”. Resguardei, preparei o âmbito familiar para contar. [...] Aí eu contei, reagiram numa boa, [...] meus irmãos ficaram retraídos comigo, ficaram meio estranhos, mas depois aceitaram numa boa. Minha mãe sempre me aceitou, sempre me deu o maior apoio. [...] Eu segui a minha vida, meus irmãos a deles com a minha mãe. Esta instituição foi desenhada como solução para problemas político-ideológicos da revolução burguesa (COSTA, 1996) que separa, então, os ambientes privado e público, sendo a família constituída como “célula matricial da burguesia, enquanto classe, e do Estado, enquanto nação” (id., p. 77). Assim, os conflitos estabelecidos na família de Rick o fazem apresentar uma solução “pensada” de revelação da identidade sexual. Já na escola, um espaço público, Rick opta pela ocultação da homossexualidade. Eu não contei a ninguém, mantive isso omisso, guardei para mim mesmo. No espaço de trabalho Rick teve outra forma de lidar com a sua homossexualidade. Na minha empresa eu nunca escondi o que eu era. Sempre fui respeitado, até hoje nas empresas que eu trabalho eu falo da minha orientação sexual, explico o que é e o que não é, e nunca passei por esse tipo de preconceito, de ser dispensado por ser gay. Mas, ao mesmo tempo, o fato de ser hemofílico é relevante no espaço de trabalho. Para a empresa quando você revela o que você tem de hemofilia, eles tem um certo receio em contratar. Interessante pensarmos na forma como a identidade de hemofílico demarca um espaço com relação às múltiplas identidades deste ativista que concebe a nossa sociedade como desigual e preconceituosa. Há discriminação em todas as partes. Preconceito existe mesmo. O que não o faz uma pessoa desacreditada na vivência de sua homossexualidade. Convivo muito bem com a minha sexualidade [...], tenho um ótimo convívio.
No que tange o início de sua participação no CELLOS/MG, Rick afirma que esta se deu devido a um amigo, já membro do grupo. Ele foi conversando comigo, o que era o CELLOS, a ONG, a filantropia da ONG, o que significava a luta. Aí eu fui me interessando, aí eu ingressei no [...] CELLOS, onde eu aprendi muitas coisas, o que é movimento, o que significa ser ativista, militante. A importância da amizade para o movimento homossexual já foi descrita anteriormente por MACRAE (1990) onde ele afirma – em relação ao “Grupo Somos de Afirmação Homossexual/SP” que “a principal fonte de novos membros eram as redes de amizades dos integrantes do grupo” (p. 132).
Para Rick, o movimento homossexual é importante para a sociedade brasileira. A importância é que sejamos respeitados por aquilo que nós somos, somos pessoas comuns, não somos aberrações, não somos bichos, não somos animais. Somos seres humanos e acho que nós temos que viver em uma sociedade igualitária. Onde todos os direitos, todos os deveres tem que ser respeitados, pela sociedade e pelo bem de todos. Se analisarmos o termo aberração como um desvio da norma, poderemos concebê-lo como exceção a heteronormatividade dominante, sendo o homossexual um problema para o Estado Brasileiro que – como exemplo – concebe a união estável como formada unicamente entre homem e mulher (Constituição Federal, Art. 226 §3º). Isso nos leva ao trabalho de Foucault (2001) onde ele levanta a figura do Monstro Humano como um dos elementos que constituíram o anormal contemporâneo além de ser “o princípio de inteligibilidade de todas as formas [...] da anomalia” (p. 71).
A causa homossexual, para Rick é que nós [homossexuais] temos os mesmos direitos de um casal hetero, podemos ter o livre arbítrio de mostrar nossa homoafetividade, coisas que hoje em dia mesmo que seja permitida, há discriminação. O principal motivo que levou Rick a ser ativista do movimento homossexual foi o fato de ser gay e acreditar nesta causa. Ponho minha cara para bater mesmo, não tenho vergonha do que sou. Essa produção simbólica da diferença faz com que Rick resista; o que nos remete a considerar que “cada um de nós é, no fundo, titular de um certo poder e, nesta medida, veículo de poder” (FOUCAULT, 1978, p. 16), não sendo os indivíduos alvos inertes do poder.
O ativista homossexual, segundo Rick, tem um lugar de exercício de suas atividades: um ato político, um congresso, reuniões dos próprios membros. Rick deixa claro os atributos que espera de um ativista homossexual. Uma pessoa honesta, [que] saiba lutar pela causa, saiba sempre estar preparado para responder questões, dar entrevistas. A característica atribuída ao ativista de saber dar entrevistas e responder questões, remete a uma trama que liga os saberes aos poderes já que “não se tem o direito de dizer tudo [...], que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa” (FOUCAULT, 2004, p.9).
Outro atributo recorrente do ativista homossexual é a necessidade de ser politizado. Para Rick este ativista é aquela pessoa: conhecedora do movimento, da causa, o que significa a causa. Ao trazer essa discussão para sua vida pessoal, afirma estar em processo de “politizamento”. Quero adquirir mais conhecimento, [...] ser totalmente politizado, eu não sou totalmente politizado. [...] Ainda falta muito para eu aprender sobre ativismo.
Rick afirma que os novos ativistas aprendem a ser ativistas principalmente pela transmissão oral dos membros mais antigos, além de relevante para ele também a participação em outros movimentos sociais. [Adquirimos nosso conhecimento] através de pessoas que já estão no movimento homossexual. Elas vão adquirindo através de palestras, conhecimentos, explicações, orientações, o que é o movimento, o que é ser ativista. A maioria das formações vem de movimento, de movimento estudantil, de movimento político, partidário que seja, que prepara o militante. Tem várias doutrinas a serem seguidas. [...] A [doutrina] partidária envolve o parlamento, que é o movimento ativista de um partido. E [a doutrina] do movimento gay é através de ativistas mesmo. A transmissão oral, para Rick, é também tida como forma de manutenção do movimento homossexual. Acho muito importante porque vai preparar muitas pessoas para nos substituir no futuro. Vai chegar um determinado tempo, você quer [...] que uma outra pessoa tenha o conhecimento que você tem e te substitua.
No processo de descrição da identidade do ativista homossexual, emergiram duas narrativas importantes, que diferenciam tanto o ativista homossexual de outros ativistas sociais como o homossexual ativista de outros homossexuais. Isto se dá pois qualquer identidade depende da diferença (SILVA, 2000), ou seja, uma identidade depende, para existir, de algo fora dela, de outra identidade que difere, mas que fornece as condições necessárias para que exista (WOODWARD, 2000). Assim, a “causa do ativismo” é a diferença determinante entre ativistas sociais e o ativista homossexual. O ativista homossexual ele tem toda a sua causa. E os outros ativistas, o negro, o índio, estão lutando em prol da sua raça. Se olharmos agora a diferença entre homossexuais ativistas e não ativistas, Rick tem mais o que dizer. No nosso movimento, o homossexual ativista ele sabe pelo ideal que ele está lutando. Ele está tentando sempre melhorar. E o gay não ativista, ele tem o direito de não ser, pode ser porque ele é uma pessoa não assumida ou aquela pessoa que não está nem aí. Não querem ter o conhecimento da causa, ou batalhar por aquilo. Ele só quer saber de diversão, boate, bares. Podemos avaliar essa última frase como um conjunto de declarações negativas sobre homossexuais que não se reivindicam ativistas, o que, para Silva (2000) compõe uma cadeia da qual depende as afirmações da diferença. Desta forma, normaliza-se o homossexual ativista como o detentor de características positivas, sendo assim considerado por Rick como parâmetro em relação aos homossexuais não ativistas.
Rick trabalha com duas identidades específicas durante a coleta de dados para esta pesquisa: o “Rick pessoa” e o “Rick militante”. A partir do momento que não há nenhum ato e não tem um trabalho a ser feito como militante eu estou ali como uma pessoa comum, jamais discuto política. [...] O Rick militante está ali para um trabalho, ele está ali para realizar algum evento. Cada um destes Ricks tem um lugar específico de emergência. Se eu chegar na boate “E.” para fazer distribuição de um preservativo com folder, eu estou ali a trabalho, eu não estou ali para diversão. Então o Rick pessoa fica na minha casa e sai o Rick militante, ou vice-versa, se eu tiver que sair para diversão o Rick militante fica em casa e o Rick pessoa sai. Segundo Hall (2000) “as identidades não são nunca unificadas; [...] mas multiplamente construídas ao longo de discursos, práticas e posições que podem se cruzar ou ser antagônicos” (p. 108), assim também existem antagonismos entre os dois Ricks apresentados. Mesmo que você esteja no momento de descanso pessoa, mas você sempre se lembra, amanhã eu tenho tal coisa para fazer, amanhã eu tenho que fazer isso, amanhã eu tenho compromisso com esse fulano da outra ONG. Caso haja necessidade, Rick afirma a possibilidade de convocação de uma ou outra destas duas identidades. Ocasionalmente pode acontecer deu estar num local e eles citarem um membro do movimento ou da ONG que eu faço parte. Aí o Rick pessoa sai e o Rick militante representa. [...] Que seja um ato discriminatório, um companheiro que está sendo discriminado ou alguma coisa ali, o Rick pessoa é deixado e o Rick militante age.
Edward MacRae (1990, p.242) aborda o nascimento dos ativistas “duplamente discriminados”, que exercem, portanto, “dupla militância”; esses personagens então eram caracterizados como o homossexual negro ou a lésbica (homossexual e mulher). Isto também se confirma na história narrada por Rick. Se for negro e gay é dupla discriminação que ele vai passar. Na história de Rick nos deparamos com um personagem parecido, que assume sofrer “duplo preconceito”: o homossexual hemofílico. [Sofro] duplo preconceito. Por ser gay e hemofílico. Isso é nítido. [...] O Rick gay não tem essa dificuldade em expor sua homossexualidade. Agora o Rick hemofílico vê que as empresas caracterizam esse problema degenerativo que eu tenho que ocasionam muito afastamento da pessoa do local de trabalho.
Buscar entender os processos de produção e manutenção de identidades ativistas gays no interior do movimento homossexual através da história de vida de ativistas, possibilita (re)pensar aspectos importantes no que diz respeito à produção de novas identidades. Em sua história narrada, Rick apresenta um sujeito pobre, hemofílico, estudante, que ao longo de sua estada em diferentes lugares e instituições o levou ao ativismo homossexual. Percebe-se que os discursos que recrutam os sujeitos para o ativismo são vários e a trama é imbricada. Através desta narrativa pôde-se perceber que também a identidade ativista se organiza segundo classificações binárias, como no caso do ativista homossexual e dos homossexuais que não são ativistas. Tudo dentro de um jogo de saberes e poderes, onde os privilegiados são aqueles capazes de cumprir com atributos rígidos.
Referências bibliográficas
ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia; SILVA, Lorena Bernadete. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004.
CÂMARA, Cristina. Cidadania e Orientação Sexual: a trajetória do grupo Triângulo Rosa. Rio de Janeiro: Academia Avançada, 2002.
COSTA, Jurandir Freire. O referente da identidade homossexual. In: PARKER, Richard; BARBOSA, Maria (orgs). Sexualidades Brasileiras. Rio de Janeiro: Relume Dumará; ABIA: IMS/UFRJ, 1996.
CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão/Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva, 2003.
FACCHINI, Regina. Paradas: Uma Política (Homos)sexual lúdica, mas não light. In: APOGLBTSP. Revista Oficial da Parada, vol. Único, 2004.
FOUCAULT, Michel. Entrevista com Michel Foucault. Comum, Rio de Janeiro, Faculdade de Comunicação e Turismo Hélio Alonso, v. 1, n. 2, p. 6-20, 1978.
_________________. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2001.
_________________. A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
HALL, Stuart. Quem precisa de identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu (org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
MACRAE, Edward. A construção da igualdade: identidade sexual e política no Brasil da abertura. Campinas: Editora da UNICAMP, 1990.
SEFFNER, Fernando. (2003). Derivas da Masculinidade: Representação, Identidade e Diferença no âmbito da Masculinidade Bissexual. Porto Alegre, 260 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: ___________ (org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
Rosseto, candidato a senador do PT/RS esteve em Rio Grande
Rosseto esteve em Rio Grande e fomos, juntos com várias pessoas apoiadoras, almoçar no sindicato de funcionários da alimentação. Na sua fala, o que me marcou foi a questão levantada sobre como a possibilidade das pessoas criticarem o governo também é balanço de uma atuação da esquerda no Brasil.
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Minha colega Raquel Quadrado marcou sua defesa de dissertação para o dia 19 de setembro de 2006 às 14h no Mestrado em Educação Ambiental na FURG/RS. Raquel trabalha com a construção de corpos de adolescentes e consumo. Muito legal o trabalho dela e vale a pena ler suas publicações. Vou pedir a ela um resumo do trabalho para postar no blog.
Visibilidade Lésbica: um dia de muita luta por cidadania e pelos direitos das mulheres lésbicas!
Quando se fala em homossexualidade, a primeira imagem que se pensa é a do gay, o homossexual masculino. A lesbiandade é um tema pouco discutido e sobre o qual muitas pessoas têm dúvidas – como no caso das pessoas que acreditam que todas as lésbicas são masculinas, ou que lésbicas não são verdadeiramente homossexuais... A própria cobertura de assuntos referentes ao movimento gay tende a priorizar imagens de drag queens, por exemplo, e pouco se detém na presença das lésbicas. O Dia da Visibilidade Lésbica – 29 de agosto – foi criado no Brasil em 1996 para se combater esses estereótipos e chamar a atenção para a existência das mulheres homossexuais.
A data já faz parte do calendário oficial de Porto Alegre, e será lembrada no dia 27 de agosto, quando ocorrerá uma comemoração na Travessa dos Venezianos, na Cidade Baixa, a partir das 15h. Produzido pelos grupos LEGAU – Lébicas Gaúchas e Outra Visão – Grupo GLBT em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, o evento já conta com a confirmação dos shows das cantoras Blanca Queiroga, Ilse Lampert e Beti (MPB)e da banda Phosphurus (pop-rock). Também participarão as meninas da bateria da escola de samba Copacabana, do bairro Bom Jesus, que realizará um baile gay em sua sede no dia 08 de setembro.
Em caso de chuva, a festa será no Venezianos Pub Café, na rua Joaquim Nabuco, 397, Cidade Baixa.
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Com mais de 30 participações em festivais internacionais, o novo documentário RAINBOW'S END (em cooperação com ILGA Mundial) se converteu na revisão mais acertada e mais completa do mundo do ativismo LGBT. Participei da equipe de tradutores do documentário para o português e para aquelas pessoas que comprarem uma cópia na nossa língua vai ver o meu nome nos créditos. O DVD custa 20 euros para entidades filiadas mais a taxa de envio.
Mais informações clique aqui
Queridos amigos e amigas,
O último número da revista da ILGA (International Gay and Lesbian Association), LUTANDO, já se encontra disponível na rede em espanhol.
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El Grupo de Estudios sobre Sexualidades - GES, que comenzó sus actividades en marzo de 2006 y colabora con el área de investigaciones del CLAM, funciona dentro del área de Salud y Población del Instituto de Investigaciones Gino Germani de la Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires. Varios de sus integrantes han comprometido su presencia en el VII Seminario Internacional “Fazendo Gênero” a realizarse en Florianópolis, Brasil, del 28 al 30 de agosto.
Cuatro miembros del GES participarán del simposio temático “Género, cuerpo y diversidades sexuales”: Renata Hiller con “La unión civil: discursos instituidos”, María Aluminé Moreno “Cuando la diversidad es desigualdad: notas sobre el análisis de las relaciones de opresión”, Laura Zambrini con “Travestismo e identidad” y Lucía Ariza con “La experiencia de la infertilidad en mujeres que optan por tratamientos de reproducción asistida: ¿fracaso de género o triunfo inexorable?”.
Daniel Jones presentará el artículo “Siempre se recuerda la primera vez: Iniciación sexual de adolescentes de la provincia del Chubut, Argentina” en el simposio temático “Sexualidad, género y reproducción en la juventud”, organizado por Maria Luiza Heilborn (IMS/UERJ-CLAM), Daniela Knauth (UFRGS) y Elaine Reis Brandão (UFRJ y CLAM).
La ponencia de Josefina Brown, “Entre el silencio y el escándalo. El aborto como asunto de debate político en la Argentina”, que será presentada en el simposio temático “Aborto: conquistas y desafíos”, encara un tema de actualidad en la agenda pública argentina. En dicho texto expone, a través de un trabajo enfocado en el discurso periodístico, el tratamiento dado al aborto como foco de debate público entre 1994 y 2004.
En el simposio “Articulando género y generación de estudios de salud y sexualidad” se presentará el trabajo “La ciudadanización de la salud. La noción de autonomía en el caso de la salud sexual y reproductiva” de Josefina Brown, Cecilia Tamburrino y Mario Pecheny. Los autores analizan en él tipos ideales de paciente en salud sexual y reproductiva.
Carlos Fígari, desde la perspectiva de la sociología histórica, presentará “Experiencias de mujeres lesbianas en Argentina en la década de 1960” en el simposio temático “Homosexualidades feministas: subjetividades y política”. Patricia Schwarz presentará “Las lesbianas frente al dilema de la maternidad”. A partir de entrevistas con mujeres en edad fértil, período en el cual generalmente se toman decisiones respecto de la maternidad, son revelados asuntos tales como el temor a planificar la maternidad con una mujer.
El GES está compuesto por investigadores con diferentes grados de formación. Si bien ya trabajaban en distintas instituciones sobre temáticas relativas a sexualidades, explica Daniel Jones, “decidimos generar un espacio de trabajo. Ahora estamos discutiendo artículos para un libro sobre diversidad sexual para publicar el año próximo”. Sus intereses están enfocados en el desarrollo de investigaciones en áreas tales como ciudadanía sexual (derechos sexuales no reproductivos, unión civil, adopción de parejas del mismo sexo); identidades, prácticas y significados sexuales; sexualidades disidentes; movimientos GLTTTBI; maternidades, y tecnologías reproductivas.
Fue a partir de la organización y realización de la “Primera Encuesta de la Marcha del Orgullo GLTTB de Buenos Aires” en 2004 y 2005, con apoyo del CLAM, que surgió la idea de institucionalizarse como Grupo de Estudios del Instituto Gino Germani. Recientemente fue aprobado por la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Buenos Aires un proyecto de investigación del GES sobre sexualidades y parentalidades en Argentina entre 1992 y 2005, que se realizará durante los próximos dos años.
El cuadro completo de integrantes del GES está conformado por los investigadores formados Mario Pecheny (politólogo, IIGG/UBA), Carlos Fígari (sociólogo, UNCa), Graciela Sikos (psicóloga) Hernán Manzelli (sociólogo, CENEP) y Sara Barrón López (socióloga, MORI) y los investigadores que realizan sus tesis de maestría o doctorado como Daniel Jones (politólogo, IIGG/UBA), María Aluminé Moreno (politóloga, IIEG/UBA), Renata Hiller (politóloga, IIGG/UBA), Josefina Brown (socióloga, UNCuyo), Laura Zambrini (socióloga, IIGG/UBA), Micaela Libson (politóloga, IIGG/UBA), Lucía Ariza (socióloga, IIGG/UBA), Martín Boy (sociólogo, IIGG/UBA) y Patricia Schwarz (socióloga, IIGG/UBA). También forman parte del grupo los estudiantes de grado Solange Florio, Lucila Martínez, Gabriela Stivala y Leonardo Rocco.
Tópico Especial: Metodologias Qualitativas da Análise Institucional
Fundação Universidade Federal do Rio Grande
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
O Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental
Convidam:
TÓPICO ESPECIAL
METODOLOGIAS QUALITATIVAS DA ANÁLISE INSTITUCIONAL – ETNOGRAFIA DA ESCOLA –IMPLICAÇÃO DO PESQUISADOR NA SUA PESQUISA – DIÁRIO DE BORDO – HISTÓRIAS DE VIDA
Prof. Dr. REMI HESS
UNIVERSIDADE DE PARIS VIII
Prof. Dr. ALFREDO MARTIN
FURG
Data: 28 de Agosto a 01 de setembro de 2006
Matrículas na Secretaria do PPGEA
Pav. 04 - Campus Carreiros
Horário: 08:00h às 12:00h
14:00h às 17:00h
Fundação Universidade Federal do Rio Grande
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
O Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental
Convidam:
AULA INAUGURAL
A PRODUÇÃO DA OBRA HUMANA: TESE/DISSERTAÇÃO
Prof. Dr. REMI HESS
UNIVERSIDADE DE PARIS VIII
APRESENTAÇÃO CULTURAL:
MERENDA DE OXUM
Culto à riqueza do saber
Núcleo de Documentação da Cultura Afro-Brasileira ATABAQUE
Dia: 28 de Agosto de 2006
Horário: 09:00h
Local: Anfiteatro 1 – Pavilhão 4
Campus Carreiros
Meu trabalho no III Colóquio franco-brasileiro de filosofia da educação: Foucault 80 anos
Sessão 37. Homossexualidade e estética de si.
ANDERSON FERRARI - UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), “Quem sou eu? Que lugar ocupo? – Grupos Gays, Educação e a construção do Sujeito Homossexual”.
FELIPE BRUNO MARTINS FERNANDES; PAULA REGINA COSTA RIBEIRO - Fundação Universidade Federal de Rio Grande, “O Monstro Humano em Fragmentos de Discurso de Ativistas Homossexuais”.
ÂNGELA MEDEIROS SANTI - ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro); UFRJ (Universidade federal do Rio de Janeiro), “Estética de si como prática pedagógica erótica”.
III Colóquio franco-brasileiro de filosofia da educação: Foucault 80 anos
Os Colóquios Franco-Brasileiros de Filosofia da Educação são uma realização do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ.
A terceira edição do Colóquio busca homenagear o filósofo francês Michel Foucault, no mês em que serão comemorados os 80 anos de seu nascimento. Ao longo desse período é inegável a presença das contribuições do pensamento foucaultiano no Brasil, acentuada a partir da década de 1970, o que pode ser atestado na formação de pesquisadores, nas leituras apropriadas em diversos domínios, nas recentes traduções e nos comentários produzidos em torno de sua obra e/ou de categorias a ele associadas. Neste sentido, o Colóquio será um espaço propício ao debate já instalado nos vários saberes em que ele vem se manifestando, filosofia, história, direito, letras medicina, sociologia, antropologia e pedagogia.
Um pouco de história
A segunda edição do Colóquio, em novembro de 2004, foi organizada sob o tema “O devir-mestre: entre Deleuze e a Educação”. A riqueza e o aprofundamento das discussões mostraram o quanto as duas áreas – Filosofia e Educação – têm a ganhar com esta proximidade. As sessões de comunicações reuniram mais de quarenta trabalhos e o Colóquio foi acompanhado pela apresentação da Exposição “Gilles Deleuze”.
Antes, em junho de 2002, teve lugar o I Colóquio Franco-Brasileiro de Filosofia da Educação, «O valor do mestre – igualdade e alteridade na educação», com a presença, dentre outros convidados, de Jacques Rancière. Entre os mais de 500 inscritos, destacou-se, para nossa satisfação, a ampla participação de professores das redes públicas de ensino básico e médio – nesta que se constituiu, para nós, uma bem-sucedida iniciativa de colocar a filosofia da educação a serviço da prática da educação pública em nosso país.
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"Domados", de Susan Faludi, e "Feito Homem", de Norah Vincent, invertem a equação feminista e pedem mais direitos ao sexo masculino
PEDRO PAULO DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Dois livros que abordam a questão da masculinidade chegam ao mercado editorial brasileiro. Trata-se de "Domados -Como a Cultura Traiu o Homem Americano", de Susan Faludi, e "Feito Homem - A Jornada de uma Mulher ao Universo Masculino", de Norah Vincent. Algumas circunstâncias os aproximam. Ambos são escritos por mulheres que se dizem feministas, as autoras são jornalistas americanas e, o mais importante, tratam o homem contemporâneo como vítima de sua condição de gênero. Nos Estados Unidos, durante a década de 1970, emergiu, paralelamente ao então reflorescente movimento feminista, os chamados "men's movements", que já apontavam para as demandas sociais restritivas postas aos agentes do sexo masculino. No Brasil, esse tipo de discurso, que qualifiquei como "discursos vitimários" sobre a masculinidade, se fez perceber principalmente a partir da década de 1990. Constitui ainda hoje o principal mote para os estudos e ensaios (acadêmicos ou não) sobre essa temática. Os livros aqui mencionados apenas atestam essa percepção. "Domados" é composto por reportagens publicadas durante a década de 1990 em vários periódicos americanos e reeditadas no livro. São mais de 640 páginas, em que a autora investiga episódios e fatos recentes da vida norte-americana, como o massacre em Waco [no Texas, em 1993, quando mais de 80 pessoas morreram queimadas em um incêndio], o surgimento dos "Promise Keepers" (movimento de homens cristãos), as demissões em massa em empresas e estaleiros norte-americanos etc.
Mal estar da cultura
Isso já seria suficiente para causar estranheza ao leitor brasileiro, pois uma série de eventos que não nos são conhecidos aparecem em extensas reportagens, assumindo o fato de que os leitores conhecem suficientemente alguns personagens e dados fundamentais, o que nem de longe é o caso. Esse não é, no entanto, o maior problema. O que une essas caudalosas incursões jornalísticas é a idéia de que a cultura, vista como uma entidade metafísica, pode ser responsabilizada pelo mal-estar da masculinidade americana. Para a autora, os homens foram traídos por promessas feitas pela cultura daquele país no pós-guerra: "Os pais tinham feito seus filhos senhores do universo e parecia (...) que aquilo que eles haviam criado duraria para sempre". "A nação reivindicou uma ascendência sobre o mundo; os homens, uma ascendência sobre a nação; e um certo tipo de persona masculina, a ascendência sobre os homens."
O que une as duas obras é a idéia de que a cultura é responsável pelo mal-estar da masculinidade americana
As análises ali contidas são inconsistentes e esdrúxulas, pois, subjacentes às traições públicas, que vagam na incoerência de um discurso de um e outro personagem importante (para nós, meros desconhecidos), está presente a deserção dos pais que prometeram aos filhos um mundo que nunca existiu. Ao lado desse "motivo", temos o que ela chama de "cultura ornamental", que abriu mão da utilidade em favor da exibição pessoal e da idéia de celebridade.
Travesti às avessas
Os homens são hoje, segundo ela, escravos do glamour, sendo a mídia aquela que molda esses "papéis ornamentais". Essas são as supostas razões para a crise da masculinidade e para a fragilização dos homens. Em "Feito Homem", Norah Vincent narra a sua experiência de ter se "travestido" de homem e, por meio dessa metamorfose, auxiliada por um especialista em maquiagem, relata a sua incursão por nichos masculinos: uma liga masculina de boliche, clubes de striptease e até mesmo um mosteiro masculino, entre outros. O cerne do livro consiste exatamente nessa experiência, pois, como ela diz, "coisas muito reais e profundas podem acontecer sob a capa de uma falsidade". Valorizando seu feito, complementa: "As verdades que aprendi e vivenciei não teriam se revelado de outra maneira".
Sem seriedade
Da mesma forma que Faludi, Vincent insiste em constatar a fragilidade do homem americano contemporâneo: "As pessoas vêem fraqueza numa mulher e querem ajudar. Vêem fraqueza num homem e querem esmagá-la". O livro é recheado de observações sobre essa presumida fragilidade e sobre os fardos que os homens têm que carregar para cumprir seus mandatos e responsabilidades masculinas. Ambos estão bem longe de ser estudos sérios sobre o tema (Vincent tem o mérito de reconhecer isso). Adotam uma perspectiva vitimária e fazem generalizações indevidas. São livros bastante ligados à realidade norte-americana, e, no primeiro deles, torna-se praticamente impossível acompanhar com interesse longas reportagens adensadas de falas e detalhes supérfluos que em pouquíssimos momentos lançam luz, quando o fazem, sobre algo além daqueles episódios específicos. No caso de "Feito Homem", deve-se levar em conta o fascínio que os americanos têm por agentes que se metamorfoseiam em caricaturas e estereótipos e que, ao lado de cenas de tribunais, freqüentemente se apresentam em suas produções cinematográficas. "American obsessions". As autoras pensam que o fato de serem mulheres e de se declararem feministas torna mais legítimas as acusações de que os homens têm sido vítimas de sua própria condição de gênero. Um simples postulado sociológico -de que o decoro associado às posições sociais de poder costuma ser mais restritivo do que aqueles relacionados às posições subalternas- seria suficiente para explicar porque os fardos são maiores para os machos; afinal de contas são eles que ainda hoje detêm a supremacia dentro da hierarquia simbólica de gênero. Ou não? Como se os homens precisassem de mais direitos do que já têm, chega a ser hilário o apelo de Vincent para que eles desencadeiem um movimento análogo ao feminismo: "Os homens ainda não conseguiram seu movimento (...). Eles têm esse direito".
O homem liberta
Nada supera, no entanto, a "idéia" de Susan Faludi, segundo a qual a libertação dos homens é necessária, pois só eles podem ajudar na libertação das mulheres e das populações subordinadas: "É por isso que essas populações têm tanto interesse na libertação da única população em condição extraordinária para descobrir e utilizar um novo paradigma -os homens". Com um feminismo desse tipo, alguém precisa de chauvinismo?
PEDRO PAULO DE OLIVEIRA é professor de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor de "A Construção Social da Masculinidade" (UFMG/Iuperj).
DOMADOS - COMO A CULTURA TRAIU O HOMEM AMERICANO
Autor: Susan Faludi
Tradução: Talita Rodrigues
Editora: Rocco
Quanto: R$ 77,50 (644 págs.)
FEITO HOMEM
Autor: Norah Vincent
Tradução: Magda Lopes
Editora: Planeta
Quanto: R$ 34,90 (304 págs.)
VII Seminário Internacional Fazendo Gênero: está chegando!
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O Seminário Internacional Fazendo Gênero 7: Gênero e Preconceitos, que será realizado dias 28, 29 e 30 de agosto de 2006 na Universidade Federal de Santa Catarina é o sétimo encontro do Projeto Fazendo Gênero, que reúne, a cada dois anos, pesquisadoras e pesquisadores do Brasil e de universidades estrangeiras na América Latina, Estados Unidos e Europa com pesquisas e publicações no campo dos estudos de gênero e dos estudos feministas.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 7: Gênero e Preconceitos que ora se organiza parte da questões levantadas nos eventos anteriores. A categoria gênero é uma categoria relacional. Isso quer dizer, por um lado, que os gêneros se definem na relação com o outro, mas por outro lado, sendo um aspecto das relações sociais de poder e de subjetivação, o gênero se articula com outros tipos de relações sociais - geração, raça, etnia, classe, profissão, sexualidade - de maneiras cada vez mais diversas. Os preconceitos acompanham o gênero de perto. As identificações de gênero são também representações muito fortes que implicam comportamentos, sentimentos, interdições; e que ajudam a moldar as vidas de homens e mulheres. A superação dos preconceitos pressupõe reconhecimento e entendimento para que a ação política coletiva e individual seja possível.
Além das conferências, painéis e mesas redondas que explorarão os temas-chave do evento, haverá espaço para simpósios temáticos. Está prevista, também, a participação de alunos de graduação no formato de pôster, com prêmio à melhor apresentação. Essa reunião de pesquisadoras de ponta, reconhecidas na área, com pesquisadoras/es em formação possibilitará mais uma vez que o Projeto Fazendo Gênero represente uma oportunidade única de reflexão teórica aprofundada em um ambiente democrático e de mútuo respeito, o qual contribuiu significativamente para um maior aprendizado de todas as pessoas envolvidas. Em função desta consolidação do evento, do seu objetivo interdisciciplinar e do desejo de que cada vez ele se abra mais para o diálogo interinstitucional demos este outro formato a ele, através de simpósios temáticos.
Grupo de Trabalho onde estarei apresentando meu projeto de pesquisa no Fazendo Gênero
51. Gênero, Corpo e Diversidade Sexual (Sexualidades)
Coordenadoras:
Anna Paula Vencato (UFRJ) - apvencato@gmail.com
Laura Moutinho (UERJ/CLAM/IMS/UERJ) - lmoutinho@ims.uerj.br
Regina Facchini (UNICAMP) - rfacchini@uol.com.br
Resumo:
Ao longo das últimas décadas várias pesquisadoras e pesquisadores vêm se dedicando ao estudo da produção de feminilidades e masculinidades em situações diversas. Neste contexto, o intercruzamento entre raça, sexualidade, gênero e os cuidados com a saúde precisam ser qualificados e analisados. Não se trata, assim, de se operar somente com uma soma de “prejuízos” ou apenas com um acúmulo de sujeições combinadas. Faz-se necessário, portanto, colocar em diálogo os trabalhos produzidos dentro de determinadas temáticas que apontam para o entrecruzamento entre estas categorias, o qual coloca alguns sujeitos num lugar de desvantagem social ao mesmo tempo em que legitima a outros. Desta forma, a proposta deste Simpósio Temático “Gênero, Corpo e Diversidade Sexual (Sexualidades)” é, centrando-se no aspecto plural, simbólico e relacional das feminilidades e masculinidades, e colocando também em cena os estudos contemporâneos sobre sexualidade, corpo e preconceitos, propor uma agenda de discussão articulando alguns dos eixos desse debate, tais como: 1) práticas e representações relativas às feminilidades, masculinidades, sexualidades, corporalidades e a raça; 2) reprodução e sexualidade; 3) direitos humanos, políticas públicas, cidadania e interseccionalidades; 4) cálculos relativos à prevenção e impactos das DST/Aids; 5) os desafios teóricos e políticos atuais em torno de gênero, raça, corpo e sexualidade.
Programação:
sessão 1 - APRESENTAÇÃO DIA 28/08/06
DIREITO E DIREITOS SEXUAIS
Roderlei Nagib Góes (Unb)
Com quê Direitos? Notas sobre o lugar que [Ou qual lugar] se inscreve a orientação sexual no discurso jurídico
Renata Hiller (fac. de Ciencias Sociales, U.B.A.)
“La Unión Civil: instituyentes e instituidos”
Moisés Alessandro de Souza Lopes (UNB)
Casamento gay, não! Parceria civil, sim! Representações sociais da união entre pessoas do mesmo sexo entre homossexuais masculinos que vivem uma situação de conjugalidade
Marcelo Tavares Natividade (UFRJ)
Notas sobre uma controvérsia: os evangélicos e a cura da homossexualidade
Lorena Tabachi Amado e Pedro Henrique Delocco Alves (UGF)
Discriminação contra os homossexuais: estudo sobre a constitucionalidade da RDC n153/04.
Miriam Steffen Vieira (UFRGS)
Conflitos raciais e relações de gênero
Marli de Araújo Santos (UFAL)
A visita íntima no contexto dos direitos humanos: a concepção das reeducandas do estabelecimento prisional feminino Santa Luzia
Rosângela Digiovanni (UFPR)
Adultério e gênero em narrativas jurídicas
Fernando José Taques (UFSC)
Movimentos Sociais e ONGs: a questão no movimento GLBT
Felipe Bruno Martins Fernandes (furg/rs)
A produção e manutenção das identidades ativistas gays no interior do movimento homossexual no Brasil contemporâneo.
sessão 2 - APRESENTAÇÃO DIA 29/08/06
HOMOSSEXUALIDADES E ESTILOS DE VIDA
Ana Maria Monte Coelho Frota (UFC)
A expressão da homossexualidade em homens e mulheres de Fortaleza
Camilo Albuquerque de Braz (UNICAMP)
Macho versus macho: um olhar antropológico sobre práticas homoeróticas entre homens em São Paulo
Jose Seronni Neto (UFG)
Sentido(s)-reflexões sobre a prática do barebacking
Guilherme Rodrigues Passamani, Rafael Penteado Poerschke (UFSM)
Fronteira platina: a construção de uma identidade (sexual) regional
Nara Moreira dos Santos (UFG)
Visíveis e invisíveis: a afirmação de identidades bissexuais entre jovens universitários goianos
Luiz Henrique Passador (unicamp e cebrap), Sandra Mara Garcia (cebrap), Nádia de Matos BarrosS (usp e cebrap) e Omar Ribeiro Thomaz (unicamp e cebrap)
Territórios e estilos: articulações entre gênero, ‘raça’, classe e orientação sexual na cidade de São Paulo
Isadora Lins França (UNICAMP)
Nem GLS, nem HT: transcendendo o ‘gueto’?
Ana Inés Mallimaci Barral, Aluminé Moreno (Universidad de Buenos Aires)
Cuando la diversidad es desigualdad. Notas sobre el análisis de las relaciones de opresión
sessão 3 - APRESENTAÇÃO DIA 30/08/06
CORPO, HIV/AIDS E SAÚDE REPRODUTIVA
Laura Zambrini (Universidad de Buenos Aires)
Travestismo e identidad
Justina Franchi Gallina (UFSC)
Pipocas nas mãos, sexualidades nas telas: alteridades ininteligíveis em filmes de Pedro Almodóvar
Tatiana Raquel Reis Silva (UFBA)
Prostituição feminina: interação entre sexualidade, corpo, cor e desejo
Liliane Brum Ribeiro (UFSC)
“O diferencial do homem e da mulher é o seio. Bumbum todos têm”: corpo, gênero e subjetividade na experiência da cirurgia plástica estética.
Eduardo Carrascosa (UERJ)
Desinteresse Nu
Rosângela de sousa veras (ufma)
Contracepção Feminina Medicalizada: escolha ou coerção?
Lucía Ariza (Universidad Nacional de General San Martín)
La experiencia de la infertilidad en mujeres que optan por tratamientos de reproducción asistida: ¿fracaso de género o triunfo inexorable?
Ailton da Silva Santos (ISC-UFBA)
Práticas Educativas/Comunicativas e Sentidos atribuídos ao Risco de Contrair HIV/AIDS entre Travestis Profissionais do Sexo: A experiência da Associação de Travestis de Salvador/ATRAS
Alane Michelini Moura (UFMG) e Profa. Dra. Sandra Maria da Mata Azerêdo (ufmg)
A sexualidade e a dupla moral em casais heterossexuais soropositivos para o HIV/Aids
Fernando Seffner (UFRGS), Andréa Fachel Leal (UFRGS), Ana Maria Ferreira Borges Teixeira (UFPEL) e Daniela Riva Knauth (UFRGS)
Modos de construção da masculinidade e vulnerabilidade à aids: um estudo entre caminhoneiros que circulam no Rio Grande do Sul.
Rede de Centros e Programas de Estudos da Mulher e de Gênero
En diciembre de 2005, con ocasión del Seminario Internacional: Enfoques Feministas y el Siglo XXI. Feminismo y Universidad en Latinoamerica, realizado en Salvador/Bahia/Brasil, nos reunimos, una vez mas, la Red de Centros y Programas de Estudios de la Mujer y de Gênero en las Instituciones de Educación Superior en América Latina. Este fue nuestro VII Encuentro y atendió una recomendación del VI Encuentro realizado en Cuernavaca/Mexico que estableció a Brasil como el país responsable por este encuentro.
Creemos que por el alto costo de los pasajes y las dificultades con el portugues, pocas de nosotras participamos en este encuentro (cerca de 25 latinoamericanas y casi 150 brasileñas).
Este encuentro también se constituyó en la reunión de la Red Feminista Norte y Noreste de Estudios de la Mujer y Género- REDOR y de la Red Brasileña de Estudios y Investigaciones Femenistas - REDEFEM.
En esta ocasión,Gloria Careaga moderó la reunión de la Red y presentó los objetivos y un pequeño relato de los anteriores encuentros.
En las discusiones el punto de mas importante fue la necesidad de tener una estructura que posibilite una articulación mas agil. En el sentido de caminar hacia una mejor estructuración de la Red se han definido las siguientes cuestiones:
1. creación de una coordinacion de dos personas:
Ana Alice Costa de Brasil (analice@ufba.br)
Montserrat Sagot de Costa Rica ( msagot@cu.ucr.ac.cr)
2. Creación de un directorio de investigadoras asociadas y de centros;
3. Realización de un mapeo de los programas, los grados académicos y los centros universitarios de estudios de la mujer, feminismo y género de América Latina y el Caribe y sus caracteristicas
4. Para ayudar en el mapeo se ha distribuido la tarea entre las personas que se han quedado responsable por las siguientes regiones:
* Centroamérica y Caribe - Montserrat, Ligia Arana (aranag@ns.uca.edu.ni y Norma Vasallo (nvasallo@psico.uh.cu);
* Región Andina - Cecilia Jamarrillo (confemec@yahoo.com), Mercedes Prieto y Magdalena Leon ( mleon@flacso.org.ec)
* México - Lourdes Guevara
* Brasil - Ana Alice Costa
5. Utilizar el grupo de discusión electrónica creado por Gloria Careaga como mecanismo de información;
6. Realizar el proximo encuentro de la Red en Costa Rica en abril/mayo de 2008
También se ha decidido implementar las siguientes recomendaciones:
1. Que se amplie la red através de la articulación de proyectos de investigación interinstitucional e interregional;
2. Siempre que sea posible, se establezca como prioridad la invitación de investigadoras de la red para la participación en seminarios, talleres, congresos, etc.
3.Que se use y estimule el uso de la producción academica de las integrantes de la red en las bibliografías de los cursos que se imparten en las instituciones afiliadas a la red
En el sentido de poner en practica estas recomendaciones, solicitamos a todas las interesadas en participar de la Red que manden un mensage a este e-mail ( redestudiosdegeneroyfeminismo@yahoo.com.br) con los siguientes datos:
1. Nombre completo
2. dirección
3. mail
4. Institución y/o Centro al cual pertenece
5. dirección y mail de la institución
6. mas alta titulación
7. area de estudios
8. principales investigaciones de los ultimos 5 años
9. principales publicaciones en los ultimos 5 años (se estan en la web aportar la dirección eletronica)
10. Informaciones sobre el Centro al cual pertenece (dirección, lineas de actuación, si ofrecen grados; y posgrado, si ofrecen titulación, si hacen investigaciones; si tienen vinculo con las organizaciones feministas locales, web)
Atentos Saludos a todas,
Ana Alice Costa y Montserrat Sagot
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