Fernando Seffner: professor do qual sou um admirador  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes


Fonte: MGM

Três perguntas a Fernando Seffner

MGM - Como está o processo de democratização do espaço escolar?

Fernando Seffner – Hoje, a inclusão tem sido feita mais como acesso. Ainda passará muito tempo para que ocorram grandes avanços.

MGM - O respeito às diferenças pelos professores deve começar a ser
trabalhado na graduação desses profissionais?

Fernando Seffner - Os Estados possuem grande parte desse poder, mas é muito complicado. Existem universidades que oferecem orientações extracurriculares. Minas Gerais, por exemplo, tem destaque nesse ponto.

MGM - Qual a situação das políticas de inclusão nos colégios particulares?

Fernando Seffner - A LDB (Lei de Diretrizes Básicas) estabelece que a instituição mantenedora do colégio é obrigada a oferecer ao professor formação continuada. O problema é que a legislação não pune os colégios que desrespeitem essa norma.


Na tarde do mesmo dia, ocorreram outras duas palestras. A primeira ficou por conta da supervisora do Departamento de Ações Pedagógicas da Secretaria de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora, Marcela Lazzarini. Ela mostrou como o preconceito está ligado ao caráter normatizador das escolas. Logo em seguida, apresentou soluções para esse problema: “É preciso passar de uma formação bancária para uma formação libertadora em que o ser seja visto como diverso.”

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Mais uma matéria sobre o Seffner

Fonte: ABIA

Estigma uma barreira à construção da cidadania plena


A terceira capacitação do Projeto Homofobia nas Escolas em Duque de Caxias aconteceu no dia 7 de julho de 2006 e foi ministrada por Fernando Seffner, professor da faculdade de educação da UFRGS. A proposta deste dia de trabalho foi abordar a temática do estigma e discriminação, possibilitando, assim, que cada professor pudesse sair com um roteiro que sirva como ferramenta para desenvolver em sua escola. Deu como exemplo alguns passos que podem ser seguidos: 1° - olhar temas, questões e conceitos; 2° - traçar um conjunto de estratégias (modos de produzir as atividades); 3° - tratar um pouco de legislação (onde a professora possa se amparar, caso haja problemas com a família devido as aulas de educação sexual, por exemplo), além de descobrir as parcerias que possam contribuir.

Lembrou que a escola trabalha atualmente com o conceito de inclusão, desde raça e etnia até a própria questão da sexualidade. É importante lutar por essa escola inclusiva que garanta a permanência desse indivíduo sem que seja discriminado.

Traçou um roteiro de trabalho e estes foram os tópicos:

I - Regimento escolar - recomenda que examinem os documentos legais da escola para ver o que pode ser feito para ajudar os alunos, não esquecendo que há certa autonomia por parte da escola para isso. Algumas redes de ensino estão fazendo o “Plano Municipal de Educação”, que pode dar um suporte também. O regimento tem que ser analisado para observar se está preparado para contemplar esses temas.

II – Disciplinas: tudo que é feito dentro da escola deve haver um conteúdo educativo. Rever as diversas disciplinas e buscar em cada uma, alguma forma de discutir esse tema, como na aula de história, falar sobre a Grécia. Na aula de português, buscar textos que abordem o tema. É através das disciplinas que o aluno começa a aprender na escola. Deve-se notar onde há espaço para acomodar temas em torno a sexualidade.

III - Projetos pedagógicos: além do que se aprende, a aluno pode vivenciar um projeto pedagógico, que pode ser de diversos tipos, com o professor reservando algum tempo para trabalhá-lo.

IV – Serviços: através de uma biblioteca, o aluno pode procurar entender sobre o tema da sexualidade, por exemplo. Compor um acervo com literatura voltada para esse tema para que possa servir de pesquisa para os alunos, além de um serviço de orientação educacional.

V - Atividades/eventos: pode-se promover passeios, ou uma peça de teatro que possa ter como tema a sexualidade. Ou mesmo um filme, ou um médico para fazer uma palestra. E sobretudo um profissional que possa acolher o assunto, que esteja bem preparado para tal.

Os professores deram algumas sugestões para o trabalho como a necessidade do apoio federal. A direção fica um pouco receosa de tratar do tema por medo da rejeição dos pais. Deu o exemplo de uma mãe que achou que a aula de educação sexual era “imoral”, e a partir de então a filha dela não pode mais assisti-las. Outra observou que não há mais tempo para esperar que os profissionais amadureçam esse tema para que as coisas comecem a acontecer. E não se pode esquecer que trabalhar a sexualidade dentro da escola é um direito de exercício da cidadania.

This entry was posted on sexta-feira, setembro 15, 2006 .