Roberto do Desobedeça  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes

Roberto do Desobedeça
26/9/2006
Militante de Porto Alegre é candidato a deputado estadual pelo PSOL; leia entrevista
Foto: Divulgação


O militante do Grupo Desobedeça GLBT, de Porto Alegre (RS), Roberto Seitenfus, 26, é candidato a deputado estadual pelo P-SOL. Seitenfus começou a militar aos 11 anos no Grêmio Estudantil da escola Paula Soares, em Porto Alegre. Foi só em 1999 que ele passou a integrar o movimento GLBT. Antes de formar o  Desobedeça, entidade onde milita atualmente, Seitenfus fez parte do Nuances – Grupo pela Livre Expressão Sexual.

Desde 2003, compõe a direção nacional da Central de Movimentos Populares, junto com mais 16 representantes do País. Entre suas principais propostas estão a criminalização da homofobia, a parceria civil entre homossexuais e volta das aulas de direitos humanos aos novos policiais na Academia de Polícia do Rio Grande do Sul. Leia entrevista.

Quais são suas propostas para a comunidade GLBT?
Nossas propostas são levar a luta do movimento GLBT, o que fazemos diariamente na coordenação do grupo Desobedeça GLBT e na organização da parada do Orgulho GLBT de Porto Alegre. Lutar pela criminalização da homofobia, pela parceria civil e no Estado pela volta das aulas de direitos humanos aos novos policiais militares na Academia de Policia do Rio Grande do Sul, que foram extintas pelo atual governo. Além disto, temos uma lei estadual e municipal em vários municípios que são desrespeitadas. Precisamos exigir respeito! Ter um parlamentar gay assumido ajuda na visibilidade e na luta pelos nossos direitos! Precisamos mudar a imagem que as pessoas têm dos homossexuais e trazer para o convívio diário a homossexualidade, como a heterossexualidade, mostrando que as diferenças existem e elas devem ser respeitadas! Existe um erro na forma de fazer política no movimento GLBT, principalmente nas paradas e em diversos grupos do movimento GLBT, tanto é que o número de homossexuais assassinados não tem diminuído, pelo contrário. Ou seja, mesmo com paradas enormes como SP, RJ e RS, a exclusão social, a diferenciação entre brancos e negros, homo e heterossexuais segue mais forte do que nunca!

Como pretende conquistar seus eleitores gays?
As pessoas da comunidade GLBT me conhecem há anos pelas intervenções nos clubes, na luta diária por respeito desde 1999 quando comecei a militar no primeiro grupo GLBT. Antes disso, era presidente do Grêmio Estudantil Paula Soares e conhecido na luta pela educação no Estado! O Grupo Desobedeça GLBT tem forte trabalho em todo o estado e muitos contatos. Diversas pessoas aderiram à campanha e somos uma das campanhas mais fortes do partido, o que impulsiona nossa luta interna também. O reconhecimento da comunidade é forte e isso possibilita um maior apoio, inclusive de casas noturnas que estão abrindo os palcos para chamar votos, além das principais artistas da noite apoiando!

Você sofreu resistência de seu partido para lançar sua candidatura?
Pelo contrário, o PSOL tem diversas candidaturas GLBT espalhadas pelo Brasil, só a corrente que faço parte, a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), tem um militante em Brasília, o Fábio Félix, e eu aqui no RS, vinculados à luta GLBT, além do deputado federal Babá, que é candidato à reeleição no RJ e defensor do movimento há anos! A deputada Luciana Genro aqui no Estado e a senadora Heloísa Helena foram as primeiras pessoas que junto com meu camarada Babá pediram que fosse candidato. Aceitei pela primeira vez. Por ai você já tem uma noção do apoio que temos dentro do PSOL, não só em época de eleição, mas no debate e na construção do núcleo GLBT do PSOL durante toda sua trajetória. O PSOL é gay, lésbico, bissexual, travestí, transexual e transgênero!

Quais são as principais reivindicações da comunidade gay de seu Estado?
Acho que as reivindicações aqui e em qualquer lugar do mundo são por dignidade e respeito! Viver com tranqüilidade, sem medo de ser feliz com a pessoa que ama. Isso será dado por um lado com garantias de direitos civis, mas isso por si só não basta, é necessário mudar a sociedade e construir uma nova, onde não sejamos vistos por aquilo que temos, mas sim pelo ser humano que somos!

Como você vê a participação de gays, lésbicas e transexuais na política?
Acho que a participação não se deve dar apenas na política, mas no dia-a-dia do movimento GLBT. Acho que ser gay ou lésbica e se candidatar, apenas por ser GLBT, não basta! Se tenho a certeza de que é um problema social a discriminação, então tenho que votar em quem vai lutar por mudanças sociais, por emprego, saúde, educação pública gratuíta e de qualidade, além de direitos civis. Aqui em Porto Alegre, jovens vem sendo discriminados por serem homossexuais em um centro comercial, mas não apenas por isso, mas por terem poder aquisitivo menor. A participação se deve dar dentro dos movimentos, como os grupos GLBT, na impulsão de núcleos nos sindicatos e, assim, levar este debate para toda sociedade. Isso é fazer política e eleger representantes é fundamental para dar maior força e visibilidade!

Roberto do Desobedeça é candidato a deputado estadual pelo PSOL. Seu número é 50250.  

 

This entry was posted on sábado, setembro 30, 2006 .