A comunidade GLBT e a sociedade acordaram na manhã de quinta-feira (29 de março) e se depararam com uma declaração preconceituosa do Ministro do Trabalho e presidente do PDT Carlos Lupi ao Jornal O Globo. Ao dizer que o governo investigou sua vida e sua honra, Carlos Lupi fala de forma jocosa que não tem preferência por homens do mesmo sexo e coloca a questão da sexualidade como um dos fatores decisivos para afirmar sua honra e ser escolhido para o Ministério.
Além de sugerir que o governo federal avalia, no momento da escolha para um cargo político, a sexualidade de um indivíduo, Carlos Lupi promove um desserviço à promoção da cidadania no país. A comunidade GLBT acredita que um homem público deve ter responsabilidade com a sociedade e compromisso na desefa dos Direitos Humanos. "É lamentável abrir o jornal pela manhã e se deparar com uma notícia dessa natureza, proferida por alguém que deveria primar pelo bom senso e, na condição de Ministro, envidar todos os esforços para que em nosso país prevalecesse o Estado Laico e o respeito à diversidade" afirma Cláudio Nascimento, Coordenador Político da ONG carioca Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual.
Para Cláudio Nascimento, Carlos Lupi, como Ministro do Trabalho, serve de exemplo não somente para o governo, como também para as empresas. Esse tipo de postura, que trata a homossexualidade como desonra, reforça o preconceito e contribui para justificar a discriminação no mercado de trabalho. "É exatamente para combater esse mal que estamos organizando nos próximos dias, nos dias 10 e 13 de abril, o I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate a Homofobia - evento que reunirá pela primeira vez na história do país, representes governamentais, das academias de polícia e de ativistas homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais para discutir conjuntamente a criação e manutenção de políticas públicas de combate à homofobia".
Segundo uma pesquisa do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Cândido Mendes, mais de 60% da população GLBT já sofreu algum tipo de discriminação. O preconceito no mercado de trabalho contra GLBT existe e a sexualidade de uma pessoa não pode ser fator determinante de exclusão num processo seletivo, e competência e honra não podem estar atreladas à sexualidade de um indivíduo.
O Governo Federal deu um importante passo, quando reconheceu a necessidade de implantar políticas públicas para conter o preconceito e violência contra os homossexuais, lançando em 2004 o Programa Brasil Sem Homofobia - programa que prevê diversas ações na área de trabalho, educação e cultura para promover a diversidade sexual. "Esperamos que, como Ministro do Trabalho, Carlos Lupi tenha conhecimento dessas ações que o programa prevê e que trabalhe para colocá-las em prática", diz Cláudio Nascimento.
A população GLBT exige, então, uma retratação do Ministro do Trabalho .