Resumo da minha pesquisa de mestrado  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes

Resumo

Esta dissertação foi produzida no Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental, na linha EA: Ensino e Formação de Educadores, e teve como objetivo narrar a produção da identidade ativista homossexual. Foram analisadas narrativas de ativistas homossexuais integrantes do CELLOS/MG, entidade localizada em Belo Horizonte. As narrativas foram produzidas com a metodologia da Investigação Narrativa. Foram estabelecidas conexões com os Estudos Culturais, nas vertentes pós-estruturalistas, utilizando autores como Hall, Louro, Silva, Veiga-Neto etc., e contribuições de Michel Foucault. A Educação Ambiental é entendida como área do conhecimento que não possui “amarras” científicas da produção epistemológica fabricada na academia e é interpretada como caminho para se dar voz as diferenças, respeitosa e tolerantemente, ampliando o diálogo para todos. Também foram utilizados autores que teorizam sobre o movimento homossexual como Facchini, Green, Fry, MacRae, Câmara etc. Entendo que é narrando histórias no movimento homossexual que os ativistas vão constituindo-se através de múltiplos discursos. Conjurando histórias importadas de países como os Estados Unidos, e um governo ditador no Brasil, a década de 1970 vê nascer no Brasil as primeiras ações de um movimento homossexual. O CELLOS/MG começa a ser pensado em 2001, quando um grupo de estudantes, partidários e dissidentes de outras organizações optam pela criação do grupo. Foram quatro colaboradores nesta pesquisa. Rick tem 31 anos, é um homem branco, hemofílico e pobre. Ingressou no movimento a convite de um amigo. Lucas tem 31 anos, é pardo, de descendências indígenas. Não inicia sua trajetória no movimento homossexual, e sim nos movimentos pastorais da igreja e no movimento partidário do PT. Vicente tem 43 anos é branco, classe média e inicia no movimento quando muda do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, aos 38 anos. Edivan tem 27 anos, é um homem negro. Inicia o ativismo homossexual no grupo Dignidade em Curitiba, participa do GHAP no RN, sendo o CELLOS/MG sua terceira entidade. Ao analisar as narrativas o “perceber-se” homossexual emergiu, segundo as narrativas, como a primeira “marca” desses sujeitos. O discurso que remete a “percepção” no indivíduo é ligado, muitas vezes, à marcas biológicas. As brincadeiras infantis mencionadas pelos colaboradores podem ser entendidas como práticas sociais em que se constituem corpos sexuados, visto que três ativistas remontaram a estas. Na nossa sociedade “singularmente confessada”, é preciso ressaltar a importância que a revelação pública da identidade homossexual tem na constituição do ativista. Esse “assumir-se” pode ser entendido como uma estratégia dos grupos para alcançarem o objetivo de “conquista de direitos”. As falas fazem-nos entender que assumir-se constitui-se como atributo determinante para ativistas homossexuais. A “causa” homossexual é caracterizada como um marcador dessa identidade, além disso, demarcam terem sido discriminados como algo comum entre eles. No que tange ao CELLOS/MG, as narrativas fazem-nos entender que o grupo preocupa-se com a constituição de seus ativistas, nomeando este processo como “formação”. Todos os ativistas afirmam que a formação passa necessariamente pela prática no interior da entidade. Assim, pude trabalhar com aspectos que indicam como a identidade e a diferença são produzidas no movimento homossexual.

Palavras-chave: educação ambiental, ativismo (social), homossexualidades, identidades, constituição de sujeitos.

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