SEPARAÇÃO na Galeria da Ponte do NAVI  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes

 
Já está aberta a exposição de ROSA MARÍA BLANCA que venceu o prêmio de Melhor Conjunto de Fotos no último Seminário Internacional Fazendo Gênero. SEPARAÇÃO pode ser vista na Galeria da Ponte do NAVI, no segundo andar do CFH. Rosa é doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas/UFSC artista plástica. Seu trabalho foi analisado assim por Felipe B. M. Fernandes:

Uma narrativa de si é posta em jogo na exposição intitulada "Separação", da artista plástica Rosa María Blanca (Discente, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar/UFSC). Se, por um lado, Rosa Blanca ilustra uma mulher em linhas retas e curvas que viveu um relacionamento amoroso; por outro lado, a artista transgride os fundamentos desse amor em vários aspectos. Ao fazer-se visível e passível de interpretação por outros no jogo "imagem-enunciado" feito com o próprio corpo, ela expõe e problematiza as mazelas do rompimento. Nesse jogo, não fosse pela sua arte, considerar-se-ia perdedora, como tantas brasileiras!? Nestas dez imagens que trazem à cena uma parede envelhecida, olhos atentos e cansados que nos miram diretamente, e dedos em movimento; aparentemente suplicam, reivindicam ou acusam certos pertencimentos e exclusões. Ancorada em princípios do feminismo, como na ausência de neutralidade nas relações, e na fala de si como parte fundante do pensamento, Rosa Blanca percorre desde o questionamento da dupla jornada de trabalho vivida pelas mulheres, até o esquadrinhamento da disciplina a que são submetidas mulheres em processos de divórcio. Rosa Blanca se cala para ter uma separação amigável e, neste ato de não dizer, de não colocar (a dor) em narrativa, demonstra que se é só e o que funda o ser é a falta, ou a vontade de potência. Os espaços tampouco são neutros, como mostra a artista, mas cheios de sentido em que, aos estrangeiros são dados postos singulares. A diferença materializa-se na dor de ser mãe, mulher, estrangeira, e não ter posse ou autonomia para circular com seus filhos na cidade (global). Trazendo a tona essas intersecções de gênero, etnia, classe e sexualidade, Rosa Blanca tece com agulhas grossas a experiência de viver segundo valores e rituais esdrúxulos, na solidão que nos é disponível nesse tempo descontínuo e hostil (Felipe Bruno Martins Fernándes, Discente, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar/UFSC).

PRÊMIO MELHOR CONJUNTO, FAZENDO GÊNERO 8, MOSTRA DE FOTOGRAFIA

This entry was posted on sexta-feira, setembro 26, 2008 .