Naturalmente Gay: Homossexualidade no Reino Animal  

Postado por Felipe Bruno Martins Fernandes

naturalmente gay

por Marianne Piemonte

O arco-íris, símbolo do movimento gay, ganhou um concorrente de peso -ou melhor, de penas. O novo estandarte GLS poderia ser o pássaro australiano Galah (Roseate Cockatoo). O motivo? Nessa espécie, 44% dos pares são formados por indivíduos do mesmo sexo.

Para quem acha que esse é um caso isolado de homossexualidade no reino animal, o Museu de História Natural de Oslo, na Noruega, apresenta a primeira exposição dedicada a animais gays, chamada "Against Nature", que mostra 500 espécies com comportamento homossexual de um universo de 1.500 relatos de todo tipo de bicho, desde mamíferos e insetos até crustáceos.

"A idéia surgiu depois de analisarmos o livro do biólogo Bruce Bagemihl, 'Biological Exuberance', no qual ele descreve cientificamente a homossexualidade de muitas espécies animais. Acreditamos que essa seja uma forma de contribuir socialmente para a discussão de um tema que ainda causa tanta polêmica", explicou o coordenador da mostra Geir Söli, em entrevista à Revista.

Ele conta que o assunto é tão antigo quanto a homossexualidade humana, mas nunca esteve no palco principal da ciência porque os estudiosos tinham receio de serem ridicularizados. "Não havia mais como ignorar, afinal há registros de que Aristóteles fez menção a hienas lésbicas", conta.

O bissexualismo é outra constatação. Na mostra, na seção de pingüins, por exemplo, fica claro que essa espécie de relação não acontece por falta de opção ou apenas por instinto. "Alguns animais têm plena consciência e às vezes fazem essa opção por alguns períodos de suas vidas", explica.

Bons exemplos são os pingüins-reis que vivem em cativeiro: de cada cinco pares um é de animais do mesmo sexo. Ou mesmo flamingos e gansos que conseguem ovos após uma noite de sexo casual e depois constituem família com parceiros do mesmo gênero. "Sexo é uma forte maneira de estreitar alianças; relações homossexuais são uma forma de unir o grupo. Nesse sentido, os bichos heteros ficam em desvantagem. Como as macacas "baboons", que vivem em um sistema matriarcal, no qual os machos têm papel secundário", conta.

Então, se esse tipo de comportamento é natural, porque a exposição recebeu o nome "Contra a Natureza? "Em 1120, o conselho da igreja escreveu suas primeiras leis, rotularam o homossexualismo como crime contra a natureza. No Renascimento, muitos desses textos tornaram-se leis em alguns países, daí pode-se pressupor como começou a opressão. Podemos ter opiniões diversas sobre muitas coisas, mas, definitivamente, a homossexualidade no reino animal não é contra a natureza", responde Bagemihl.

This entry was posted on quarta-feira, novembro 01, 2006 .